“O solo, a água, as montanhas: tudo é carícia de Deus” (Papa Francisco).
Somos 250 representantes das comunidades eclesiais de base das dioceses de Caratinga, Governador Valadares, Guanhães, Itabira/Coronel Fabriciano e Arquidiocese de Mariana que nos reunimos nos dias 8 a 10 de julho no Santuário de Santa Rita, em Governador Valadares, para participar do 14º Encontro de CEB’s da Microrregião Centro II, em preparação para o 14º Intereclesial em Londrina – PR, a realizar-se nos dias 23 a 28 de janeiro de 2018.
Fomos muito bem acolhidos pelas famílias, com as quais partilhamos nossa vida, participamos de uma alegre noite cultural e celebramos a Eucaristia festivamente com a comunidade paroquial que nos acolheu.
O encontro foi assessorado pela teóloga Virlene Mendes e pelo Pe. Nelito Dornelas e mais um grupo de especialistas que acompanharam as oficinas temáticas de estudo, troca de experiências e debates.
Socializamos com as nossas comunidades algumas informações sobre o que vivenciamos neste encontro.
Utilizando o método pastoral VER, JULGAR, AGIR e CELEBRAR, lançamos um olhar crítico e contemplativo sobre os desafios presentes no mundo urbano e no mundo rural, a partir do direito à Terra, Teto e Trabalho para todos sem excluir ninguém, tanto no campo quanto na cidade.
Reconhecemos a importancia das CEB’s como agentes eclesiais e sociais de grande importância histórica nas lutas por Direitos Humanos e pelo Direito à Cidade.
Constatamos que o modelo como nossas cidades são pensadas baseia-se num modelo excludente, para poucos, pois as pessoas que vieram do campo para as cidades não foram incluídas plenamente na vida urbana. É um modelo que inclui sem incluir.
Nem sempre as cidades disponibilizaram terra, infraestrutura urbana, moradia, para quem chegou. O seu lugar foi construído pelos próprios chegantes. Os mais pobres, que sempre foram a maioria – 70% a 80% – autoproduziram seu espaço de vida nas cidades, a partir de relações de compadrio, de relações religiosas, sem ter nenhum recurso para isso: sem terra, sem lugar, sem infraestrutura, sem dinheiro. Assim surgiram favelas, ocupações, loteamentos populares, acampamentos, assentamentos. As pessoas fizeram suas casas ali onde não havia cidade.
Necessitamos de Cidades com infraestrutura, com saneamento, áreas verdes, transporte, mobilidade e espaços sociais. Este modelo de política urbana mantém a desigualdade para a manutenção do poder e da renda na cidade, na medida em que as oportunidades urbanas se concentram nas mãos de quem já tem.
Fizemos nosso debate também iluminado pelo documento de estudo da CNBB, número 109, sobre o solo urbano e a construção da paz.
A iluminação bíblica apresentada pela teóloga Virlene Mendes baseou-se em três cidades: Babilônia, como a cidade a não ser imitada, porque ela é para poucos; Atenas, como a cidade que apresenta novos desafios à evangelização; e a Nova Jerusalém, como o modelo da cidade a ser construída porque esta é uma cidade para todos e Deus é seu centro vital.
As oficinas de trabalho aconteceram de forma vivencial no ambiente em que as pessoas vivem e promovem a sustentabilidade da vida de diferentes formas.
Foram discutidos outros assuntos sobre as CEB’s e as juventudes, a crise hídrica e a mineração, a defesa do meio ambiente e os catadores de materiais recicláveis, a agroecologia, a relação entre a fé e a política, as experiências de reforma agrária.
Afirmamos nosso compromisso de fé no seguimento a Jesus Cristo numa Igreja em saída que é hoje interpelada pelo papa Francisco a ir às periferias geográficas e existenciais para plantar aí a cruz de Cristo junto aos crucificados para que estes encontrem sua redenção na cruz libertadora de Jesus Cristo.
Governador Valadares – MG, 10 de julho de 2016.
Pe. Nelito Dornelas