Mais um ano se passou, com a graça de Deus! Quantas alegrias, partilhas, esperanças e realizações. Muitos também foram os desafios, as angústias, tristezas e tribulações. Porém, em todos os momentos, pudemos contar com a presença amorosa de nosso Pai Celestial, nos amparando e motivando a seguir em frente, de cabeça erguida. Você foi capaz de desfrutar de tudo de bom que Deus lhe ofereceu no ano de 2017? Conseguiu compreender que as situações difíceis fazem parte da vida do cristão e que talvez o Senhor esteja usando a adversidade para que você mude suas atitudes?
Estamos vivenciando o Ano Nacional do Laicato, que tem como objetivo geral: “Como Igreja, Povo de Deus, celebrar a presença e a organização dos cristãos leigos e leigas no Brasil; aprofundar a sua identidade, vocação, espiritualidade e missão; e testemunhar Jesus Cristo e seu Reino na sociedade” (Dom Severino Clasen, presidente da Comissão Episcopal Especial para o Ano do Laicato). A Igreja nos exorta a participar mais ativamente de todas as atividades, até das mais humildes, como o voluntariado. Ela pede que nos qualifiquemos e trabalhemos, com mais zelo e maior comprometimento, na obra do reino de justiça, amor e paz. Mas, quem são os cristãos leigos? São os que oram e trabalham, os que vivem a sua fé não somente dentro do templo, mas, especialmente, no desempenho das atividades mais simples do dia a dia, como varrer, dirigir, ensinar ou cozinhar.
O primeiro lugar de presença, atuação e missão dos leigos e leigas é o mundo. Porém, a ação dos leigos ainda é insuficiente e até omissa nas estruturas política, cultural, medicinal, judiciária, universitária, empresarial, laboral e outras. Infelizmente, o leigo apresenta a tendência incorreta de valorizar, quase que exclusivamente, somente o serviço que é desenvolvido no interior da Igreja, nos grupos, movimentos e nas pastorais. E essa visão limitada prejudica a conscientização sobre a importância de sua atuação nas realidades do mundo. O leigo retrocede, quando não quer atuar nos conselhos pastorais e quando tem a pretensão de querer dominar todos espaços da Igreja. Há os acomodados, os fofoqueiros, os críticos, os controladores, os que divinizam os chefes e se fecham em círculos pastorais. Também, os que se apegam e acumulam cargos, provocando rivalidade, vanglória, discórdia e divisões entre os demais.
Há uma imediata necessidade de conversão ecológica, para que possamos cuidar responsavelmente da Casa Comum. É necessário superar o analfabetismo bíblico e doutrinal. Os leigos têm o dever de defender a vida e a tarefa de se preocupar com os que se afastaram da Igreja. Eles precisam vencer a resistência quanto à opção preferencial pelos pobres, pois isso é uma questão de fé e de fidelidade ao Evangelho. Os pobres são os que mais carecem de apoio para recuperar a dignidade, para a inclusão social e a defesa da vida. É indispensável acolher idosos, enfermos, usuários de álcool e outras drogas, para que lhe sejam curadas as feridas do corpo e da alma. É fundamental melhorar a qualidade das reuniões. É inadiável a transparência na administração das finanças. Existe a carência de um harmonioso diálogo inter-religioso, visando vencer o antiecumenismo. Em suma: há muito o que se fazer, para que o leigo se conscientize de que ele é o cristão que vive o seu batismo.
Celebramos, neste mês, o Batismo do Senhor, por João Batista, nas águas do Rio Jordão. Não foi um batismo de arrependimento, porque Jesus era o Servo Sofredor, que não tinha pecado algum. No batismo, quando optamos livremente por rejeitar Satanás e desprezar as coisas do mundo, recebemos tudo que precisamos para nos manter no caminho aberto por Jesus. Quando somos batizados, prometemos servir a Deus e renunciar a tudo que nos afasta dele. O pecado original deixou manchas em nossa alma, ou seja, tendências e inclinações que temos para o mal. Por “menor” que seja o pecado que cometemos, essa mancha vai aumentando cada vez mais. Por isso, precisamos estar sempre vigilantes, buscar periodicamente o sacramento da reconciliação e procurar trilhar o caminho que leva ao céu, já que o bem não é tão invasivo como o mal.
O batismo de Jesus marcou o início de sua vida pública e foi uma Epifania. A Epifania do Senhor é a festa que comemora a manifestação de Jesus Cristo como Messias, Filho de Deus e Salvador do mundo: é o acolhimento da Boa Nova no mistério da Salvação. O nosso batismo faz de nós sal da terra e luz do mundo. Por isso, ao celebrarmos a Festa do Batismo do Senhor Jesus, aproveitemos para examinar nossa vida e missão de batizados, comprometidos com a evangelização, com a defesa da vida, com os pobres e sofredores, com a população em situação de rua, dos dependentes de álcool e outras drogas, dos portadores de necessidades físicas, auditivas e visuais. A Epifania deve repetir-se em nossa vida de todos os dias, para que possamos ajudar as outras pessoas a encontrar o Cristo, que é o maior sinal de Deus para a vida do povo. A vida de cada um de nós é uma missão. Desejo que, na paz do Senhor, você possa sempre encontrar o seu lugar de cristão leigo e leiga, para que caminhe com muita fé neste novo ano que se iniciou, testemunhando Jesus e seu Reino no mundo.
Fabiana de Deus – Pastoral da Sobriedade