Maria é, ao mesmo tempo, Mãe de Cristo, Mãe da Igreja e Mãe de cada cristão. É algo essencial à maternidade o fato de ela envolver a pessoa. Ela determina sempre uma relação única e irrepetível entre duas pessoas: da mãe com o filho e do filho com a mãe. Mesmo quando uma só mulher é mãe de muitos filhos, a sua relação pessoal com cada um deles é única e irrepetível. Assim também é única e irrepetível a relação de cada cristão com a Virgem Maria, que é a Mãe de Jesus e a Mãe da Igreja.
A maternidade na ordem da graça pode ser comparada ao que, na ordem da natureza, caracteriza a união da mãe com o filho. Na Cruz, o Redentor confia sua Mãe ao discípulo, que representa todos os demais, e, ao mesmo tempo, Ele lhe a dá como Mãe. Assim, aos pés da Cruz, teve início aquela especial entrega do homem à Mãe de Cristo. Essa entrega é a resposta ao amor duma pessoa e, em particular, ao amor da mãe.
Maria está presente na Igreja como Mãe de Cristo e, ao mesmo tempo, como a Mãe que o próprio Cristo, no mistério da Redenção, deu ao homem na pessoa do discípulo amado. Por isso, Maria abraça, com a sua nova maternidade no Espírito, todos e cada um na Igreja; e abraça também todos e cada um mediante a Igreja. Neste sentido, Maria, enquanto Mãe da Igreja, é também modelo da Igreja. Esta, efetivamente, deve ir buscar na Virgem Mãe de Deus a forma mais autêntica da perfeita imitação de Cristo.
A dimensão mariana da vida de um discípulo de Cristo exprime-se, de modo especial, precisamente mediante essa entrega filial em relação à Mãe de Cristo. Confiando-se filialmente a Maria, o cristão, assim como o discípulo amado, a acolhe na sua casa, na casa do seu coração, do seu “eu” humano e cristão. O acolhimento de Maria por parte do discípulo vai além da simples hospedagem em sua casa; designa uma comunhão de vida em família que se estabelece entre os dois, em virtude das palavras de Cristo ao morrer. Essa relação filial, esse entregar-se de um filho à Mãe, não só tem o seu início em Cristo, mas está definitivamente orientado para Ele. Maria continua a repetir a todos nós, hoje, as mesmas palavras que disse em Caná da Galiléia: “Fazei tudo o que Ele vos disser”.
Essa dimensão mariana da vida cristã, sobretudo na família, assume um relevo particular no que diz respeito à mulher e à condição feminina. Com efeito, a figura de Maria de Nazaré projeta luz sobre a mulher enquanto tal, pelo fato exatamente de Deus, no sublime acontecimento da Encarnação do Filho, ter-se confiado aos cuidados de uma mulher. Pode-se, portanto, afirmar que toda mulher, olhando para Maria, nela encontrará o segredo para viver dignamente sua feminilidade e levar a efeito a sua verdadeira promoção. À luz de Maria, a Igreja lê no rosto da mulher os reflexos de uma beleza, que é espelho dos mais elevados sentimentos que o coração humano pode acolher: a totalidade do dom de si no amor, a força que é capaz de resistir aos grandes sofrimentos, a fidelidade sem limites, a operosidade incansável e a capacidade de conjugar a intuição penetrante com a palavra de apoio e encorajamento.