O Dia Mundial dos Pobres foi instituído pelo Papa Francisco, na conclusão do Ano Santo da Misericórdia, com uma Carta Apostólica intitulada “Misericórdia e mísera”. A celebração se realizará no 33º Domingo do Tempo Comum, que este ano cai em 19 de novembro.
O Papa inicia sua Mensagem, com a citação evangélica do tema central: “Meus filhinhos, não amemos com palavras nem com a boca, mas com obras e com verdade”.
Segundo ele, estas palavras de João são um imperativo do qual nenhum cristão pode prescindir. A importância do mandamento de Jesus, transmitido pelo “discípulo amado” até nossos dias, tem pleno sentido diante das palavras vazias que saem da nossa boca.
O amor não admite desculpas: quem pretende amar como Jesus amou, deve assumir o seu exemplo, sobretudo quando somos chamados a amar os pobres. Aliás, é bem conhecida a forma de amar do Filho de Deus: “Ele nos amou primeiro, a ponto de dar a sua vida por nós”.
Deste modo, a misericórdia, que brota do coração da Trindade, se concretiza e gera compaixão e obras de misericórdia pelos irmãos e irmãs mais necessitados.
Neste sentido, o Santo Padre fez diversas referências da vida de Jesus, que ecoou, desde o início, na primeira Comunidade eclesial, que assumiu a assistência e o serviço aos pobres, com base no ensinamento do Mestre, que proclamou os pobres “bem-aventurados e herdeiros do Reino dos Céus”.
Contudo, alguns cristãos não deram a devida atenção a este apelo, deixando-se contagiar pela mentalidade mundana, mas o Espírito Santo soprou sobre muitos homens e mulheres que, de várias formas, dedicaram toda a sua vida ao serviço dos pobres.
O Papa recordou que, nos dois mil anos de cristianismo, numerosas páginas da história foram escritas por cristãos que, com simplicidade e humildade, se colocaram a serviço dos seus irmãos mais pobres. Aqui, citou alguns nomes que mais se destacaram na caridade, como São Francisco de Assis, testemunha viva de uma pobreza genuína.
O Santo Padre lembra ainda que, para os cristãos, discípulos de Cristo, a pobreza é, antes de tudo, uma vocação; é seguir Jesus pobre; é o metro para avaliar o uso correto dos bens materiais.
Às vezes, nosso mundo não consegue identificar a pobreza dos nossos dias, com suas trágicas consequências: sofrimento, marginalização, opressão, violência, torturas, prisão, guerra, enfermidades, privação da liberdade e da dignidade, ignorância, analfabetismo, desemprego, tráfico de pessoas, escravidão, exílio e miséria. A pobreza é fruto da injustiça social, da miséria moral, da ganância de poucos e da indiferença de muitos.
Diante deste cenário, não se pode permanecer inertes e resignados, afirmou o Papa. Todos estes pobres pertencem à Igreja por “direito evangélico” e a obriga à sua opção fundamental. Por isso, ele conclui sua Mensagem para o Dia Mundial dos Pobres convidando toda a Igreja a fixar seu olhar, neste dia, a todos os que estendem suas mãos invocando ajuda e solidariedade.
Que este Dia sirva de estímulo para reagir à cultura do descarte, do desperdício e da exclusão e a assumir a cultura do encontro, com gestos concretos de oração e de caridade, para uma maior evangelização no mundo. Os pobres não são um problema, mas “um recurso para acolher e viver a essência do Evangelho”.
Dom Félix