Governador Valadares, 13 de novembro de 2015
Vivemos em nosso estado o pior desastre ambiental da nossa história.
Frente a essa situação catastrófica os movimentos sociais, sindicais e populares de Governador Valadares
denunciam que:
O rio Doce está completamente contaminado pelo rejeito de mineração proveniente das barragens que se
romperam. Toda a vida do rio está morrendo, bem como todas as atividades econômicas que dependem do rio como
a pesca, a agricultura e a pecuária. As áreas mais produtivas que estão localizadas próximas as margens do rio estão
inutilizadas.
Mais de 500 mil pessoas já estão sem água durante tempo indeterminado. Mesmo após a passagem da onda
de lama, não se sabe quais serão os efeitos dos resíduos, que possivelmente são tóxicos, sob a vida da população.
A tragédia foi anunciada e poderia ter sido evitada, visto que em inúmeros momentos a empresa foi alertada
ou notificada pelas autoridades das fragilidades e riscos do rompimento da barragem.
Tragédias como a que vivemos atualmente ocorrem por que as empresas colocam o lucro na frente da vida do
povo, os interesses de capitalistas em detrimento aos do coletivo. Dessa forma, tomam as riquezas coletivas ficando
com altos lucros e dividem com toda a sociedade os prejuízos causados por suas negligências.
Diante desse cenário de caos e todas as dificuldades que as populações atingidas estão enfrentando, temos o
entendimento que:
A responsabilidade da tragédia provocada pelo rompimento das barragens da Samarco é de total
responsabilidade da empresa e de suas controladoras, a Vale e a BHP Billiton. Por tanto, defendemos que essas
empresas atendam a nossa pauta, arcando com os custos e executando as ações necessárias.
É necessário o comprometimento dos governos municipal, estadual e federal com a população atingida, e que
estes tomem medidas enérgicas no sentido de garantir que as empresas responsáveis atendam as demandas da
população.
Os danos na vida da população e do rio Doce são irreversíveis. No entanto todas as ações possíveis de
reparação pelas perdas devem ser tomadas. Os movimentos populares apontam as ações prioritárias necessárias
nessa pauta de reinvindicações.
1 – Abastecimento de água potável em caráter emergencial para toda a população de Governador Valadares e dos
demais municípios que tiveram sua captação comprometida. O abastecimento deve garantir a quantidade de água
mínima que uma pessoa necessita para viver segundo a ONU e deve ser mantido até que a captação e tratamento de
água dos municípios sejam restabelecidos.
2 – Construção e execução de um plano de recuperação e investimento em toda a bacia do rio Doce, visando a
revitalização da bacia através da recuperação de nascentes, matas ciliares, revegetação de áreas degradadas,
repovoamento do rio com peixes, investimento para população ribeirinha produzir alimentos de forma sustentável.
Esse plano de ser construído com a participação efetiva da população afetada.
3 – Construção de um sistema de abastecimento alternativo ao Rio Doce para o município de Governador Valadares
e demais municípios que dependem do rio. Incluindo-se o sistema de captação e tratamento da água.
4 – Pagamento de no mínimo um salário mínimo como verba de manutenção para todas as pessoas atingidas pelo
desastre que ficaram desalojadas e/ou perderam seu meio de sustento. Essa verba deve ser mantida até que as
condições de vida dessa população sejam restabelecidas.
5 – Estabelecimento de um processo de negociação coletiva para reparação das perdas, que envolva as empresas
responsáveis o estado e os atingidos.
Águas para Vida! Não para a morte!
OFICIO ENVIADO AO GOVERNO FEDERAL