Como lidar com a morte e o luto na pandemia da Covid-19
A pandemia da Covid-19 fez com que as pessoas mudassem a relação com o luto. Para evitar a contaminação pelo novo coronavírus, rituais importantes para o processo de aceitação da morte foram proibidos. As pessoas hospitalizadas com Covid-19 não podem ter acompanhantes, os velórios estão suspensos e os sepultamentos são feitos em cerca de 10 minutos, em caixões lacrados, com poucos familiares presentes.
O luto é o sofrimento por algo ou alguém perdido, é a perda de uma perspectiva de vida: de uma ideia, de um sonho, de um objetivo. Quanto maior a carga de afetividade que existia com o falecido, mais difícil será o luto, o processo de aceitação daquela perda.
Estes rituais são parte da construção da perda e de despedida de alguém que a gente ama. Durante a pandemia, este processo passa a refletir sensações e sentimentos como abandono, distância, impotência e angústia.
O luto desenvolve-se sem algumas fases, que não ocorrem numa ordem específica e sem relação com a perda pela Covid-19. A negação envolve um processo de defesa, de não aceitar a perda. A raiva, outro sentimento de defesa, manifesta a sensação de injustiça: quanto mais violenta for a morte, mais a raiva pode se manifestar.
A depressão é mobilizada pela tristeza, quando o enlutado olha para a sua própria dor. A barganha envolve pensamentos relacionados com a reparação, quando se questiona o que poderia ter sido feito para mudar aquela situação. Já a aceitação passa pelo entendimento de que o luto irá doer, mas a energia gasta com a dor pode ser investida em outras ações ou pensamentos.
Por isso, caso a sua perda tenha sido provocada pela Covid-19, faça uma pequena cerimônia simbólica na sua residência, pegue fotos, escreva uma carta para a pessoa que partiu. Não poupe as crianças ou as pessoas enfermas e idosas, chame-as para participar na medida em que elas apresentarem essa vontade, respeitando os sentimentos delas e sendo claro com o acontecimento. Lembre-se que a dor pela falta, hoje, é devido ao fato de ambos terem tido bons momentos juntos.
É importante buscar uma rede de apoio, sejam os amigos, uma religião, e até mesmo uma conversa com um psicólogo ou um ministro religioso, caso você sinta necessidade de desabafar, de falar sem se sentir julgado ou de expor a sua dor a alguém conhecido. Um bate-papo virtual com um profissional de apoio psicológico pode ajudar neste momento.
Lembre-se de que não há vergonha alguma em chorar. Se for confortável, expresse a dor escrevendo, desenhando ou de alguma forma que o ajude a manifestar a sua tristeza.