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Fazei isso em minha Memória

Fazei isso em minha Memória

Memória é uma palavra tão antiga, assim como aquelas árvores enormes, de troncos robustos, copas acolhedoras, raízes tão profundas, que parecem chegar até o ventre da terra, misturando-se com outras terras, outros povos, outras línguas e culturas. Na sua raiz, que vem desde o ventre da humanidade, desde o começo da língua falada por muitos povos, memória tem a ver com o corpo, com a mente, com ventre e, sobretudo, memória tem a ver com a palavra desejo.

Fazer memória é recordar, fazer voltar ao coração. Recordar coisas do coração que fazem o nosso corpo sentir-se vivo no desejo para a vida. Memória tem a ver com a saudade das coisas passadas que, voltando ao coração, reavivam o desejo e trazem dentro o cheiro da vida futura.

Como testificou Rubem Alves em 1997: Memória é saudade e arrepio pelo que ainda vai acontecer. E saudade é amor ausente presente simbolicamente. Memória, saudade e desejo têm a ver com perfume. Um perfume traz de volta a pessoa amada. Um perfume nos faz voltar às terras que nos viram nascer, aos campos grávidos de colheitas, às muitas cores do céu, ao mar com suas cantigas de ninar, à cozinha da casa da nossa infância, ao colo protetor da mãe, ao abraço e beijo do primeiro amor.

Um perfume nos une ao passado e nos faz sonhar, penetra suavemente na nossa pele e engravida os nossos sentidos. Um perfume nos faz ternos e eternos.

Maria Madalena quebrou o vaso, e derramou o perfume na cabeça de Jesus (Mc 14,3b). E Jesus sentencia solenemente: Eu garanto a vocês; por toda parte, onde esta Boa Notícia for pregada, também contarão o que ela fez, e ela será lembrada (Mt 26, 13).

Dom Félix

Fonte: Artigo “A Amizade com Jesus na Palavra e na Eucaristia” (36ª Parte).

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