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A Família no Plano de Deus e os desafios da atualidade – 1ª Parte

A Família no Plano de Deus e os desafios da atualidade – 1ª Parte

Na Carta às Famílias, de 1994, São João Paulo II dizia que “a família se acha no centro do grande combate entre o bem e o mal, entre a vida e a morte, entre o amor e quanto a este se opõe. À família está confiado o dever de lutar, sobretudo, para libertar as forças do bem, cuja fonte se encontra em Cristo, Redentor do homem. É preciso fazer com que tais forças sejam assumidas por cada núcleo familiar, para que a família seja forte de Deus” (nº 23).

Célula originária da sociedade e Igreja doméstica, a família sempre constituiu o primeiro âmbito natural da maturação humana e cristã das novas gerações, formando-as para os valores cristãos da honestidade e da fidelidade, da operosidade e da confiança na divina providência, da hospitalidade e da solidariedade. Hoje, porém, tem necessidade de um apoio particular para resistir às ameaças desagregadoras da cultura individualista.

Nunca é demais insistir sobre a importância do papel desempenhado pelo núcleo familiar na sociedade. Em nossa cultura existem valores que sinalizam uma tradição longamente adquirida pelo povo brasileiro, como: o respeito, a solidariedade, a privacidade; valores que nascem de uma origem comum: a fé vivida pelos nossos antepassados. A mulher brasileira, de modo especial, sempre teve um lugar próprio, insubstituível e fundamental, na origem e na duração de qualquer família. A esposa traz para o casamento e a mãe para a vida da família dotes peculiares ligados à sua fisiologia e psicologia, caráter, inteligência, sensibilidade, afeto, compreensão da vida, postura perante à vida e, sobretudo, espiritualidade e relação com Deus, indispensáveis para forjar o homem e a mulher do amanhã. Ela constitui o elo fundamental de amor, paz e garantia do futuro de qualquer comunidade familiar.

É certo que existem fatores sociais que têm levado a desestabilizar o núcleo familiar nestas últimas décadas (Puebla 572): alguns deles sociais (estruturas de injustiça), culturais (educação e meios de comunicação social), políticos (dominação e manipulação), econômicos (salários, desemprego, subemprego, pluriemprego) e religiosos (secularismo). Sem esquecer que, em algumas regiões do nosso País, a carência de moradia, de higiene, de saúde e de educação contribui para desestruturar a família.

A estes fatores, une-se a falta de valores morais que abre as portas à infidelidade e à dissolução do matrimônio. As leis civis que favoreceram o divórcio e ameaçam a vida tentando introduzir oficialmente o aborto; as campanhas de controle da natalidade que, ao invés de convidar a uma procriação responsável, através dos ritmos naturais da fertilidade, levaram à esterilização de milhares de mulheres e propagaram o uso de anticoncepcionais, revelam agora seus resultados mais dramáticos. A falta de informação objetiva e o desenraizamento geográfico prejudica o convívio social, dando origem a um processo desagregador do núcleo familiar nos seus elementos mais essenciais.

Esta situação, apesar dos esforços inegáveis de várias iniciativas pastorais ou de movimentos religiosos, visando a recuperação da visão cristã da família, parece continuar influindo na realidade social brasileira.

Fonte: Artigo sobre “Família: Dom e Compromisso, Esperança da Humanidade” do Cardeal Alfonso Lopez Trujillo.
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