“Não esqueçam os pobres!” (Gl 2,10) e “sejam livres!” (Gl 5,13)
Em setembro, somos convidados a ler e meditar mais profundamente a Palavra de Deus, praticar os ensinamentos nela contidos e amá-la cada dia mais. A partir de 2017, o Papa Francisco estabeleceu, para o penúltimo domingo do ano litúrgico, que a Igreja celebre o Dia Mundial dos Pobres. Pediu aos ministros ordenados, leigos, religiosos, voluntários, agentes de movimentos, grupos e pastorais, para apoiar os pobres e comprometer-se com a causa dos necessitados. O Evangelho nos exorta a promover a liberdade e a partilhar, especialmente com os excluídos, que vivem à margem da sociedade. É essencial acolher o pobre, como forma concreta de promover a vida e testemunhar concretamente o Evangelho, sem postar e fazer propaganda de bondade em redes sociais. Precisamos aprender a estender a mão ao pobre, ser solidário ao enfermo, encarcerado, enlutado, aos familiares dos convalescentes e dos falecidos vítimas do coronavírus e de outras enfermidades. É preciso orar e ajudar materialmente, pois nem sempre a sociedade ouve o clamor do pobre, mas os cristãos precisam estar de ouvidos bem abertos, a fim de que ninguém seja deixado sem amparo.
Não há como ficar tranquilo e sossegado, enquanto muitas pessoas vivem cativas em situação de extrema pobreza, abaixo da linha da miséria, em países onde há guerra e violação de direitos humanos, governados por corruptos e inescrupulosos genocidas, capazes de cometer as piores injustiças, especialmente aos financeiramente menos favorecidos. Como cristãos, precisamos arregaçar as mangas do comodismo e usar a criatividade, visando promover vida digna à pessoa que é invisível ao capitalismo, aquela que se encontra sentada na beira da calçada, esquecida nos presídios, asilos e orfanatos, dependente de álcool e outras drogas, refugiada de guerra. Todo ser humano precisa ser amado e liberto, ainda que esteja preso a uma cama ou encarcerado em uma cela de presídio. Os cristãos precisam levar Jesus libertador a todos!
Jesus é o amor, e o amor liberta! Jesus veio para libertar todos da escravidão do pecado, mas nem sempre pobres, excluídos e marginalizados são alcançados por essa graça, já que, inúmeras vezes, nós cristãos não nos disponibilizamos a levar o Evangelho a todos os habitantes da terra. Se o mundo não lhes fizer justiça, cabe a nós, cristãos, zelarmos, para que a liberdade de filhos de Deus os contemple. Não há liberdade na indigência, na falta de acesso ao mínimo necessário a uma alimentação nutritiva, na falta de um teto e a quem não tem acesso à saúde. O capitalismo oprime e descarta, explora e rejeita quem não tem condições de alimentá-lo. E, como os pobres poderiam ser contemplados, se não têm dinheiro, nem para adquirir o mínimo essencial a uma vida digna, por costumeiramente terem acesso somente às migalhas?
É preciso promover a liberdade do pobre explorado, escravizado pela atual realidade opressora e consumista. Nossa fome de justiça tem que abranger quem passa fome e sede de justiça, de esperança, de liberdade. O mundo busca os primeiros lugares, reconhecimento, cargos, poder e fama. O cristão busca fraternidade, igualdade, partilha, generosidade, comunhão e a liberdade de todos, especialmente dos mais necessitados. Acolhe, não derruba. Valoriza, não exclui. Cura, não faz sofrer. Não podemos abandonar os pequeninos de Jesus, pois Deus conta conosco, para promover a liberdade aos cativos e fazer dos excluídos, os preferidos. Usemos a liberdade que Cristo nos deu, com a responsabilidade de cristãos, para trabalhar em prol da dignidade de todos, sem exceção.