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Semeaduras e Colheitas

Semeaduras e Colheitas

Olá! Tudo bem com você?
Segundo conhecido ditado que segue a sabedoria popular, colhe-se o que se planta: quem planta limão vai colher limão! Quem semeia uma semente de goiaba, pode esperar colher goiaba.

Quando se usa o ditado como metáfora para a vida, nem sempre se lembra de sua obviedade, pois muitas vezes as pessoas se veem esperançosas por uma colheita que não corresponde à semeadura ou ao plantio que fizeram. Em outras palavras: apesar de saber como as coisas funcionam, muitas vezes esperamos colher o que não plantamos ou nos surpreendemos quando chegam os frutos do plantio que fizemos.

Com base no ditado popular, a proposta para este artigo é refletir sobre a disseminação e o crescimento da violência nos diversos ambientes sociais a fim de percebermos duas coisas relevantes: 1) a violência como fruto de sementes que foram lançadas ao longo de nossa história; 2) a violência como sementes que continuam sendo lançadas no solo fértil do futuro.
Primeiro é importante perceber que a violência que presenciamos nas diversas situações de nosso cotidiano não é fruto do acaso nem cai gratuitamente do céu. A violência que colhemos foi plantada, regada e cultivada por atitudes que a fizeram crescer e produzir os dramáticos frutos que testemunhamos.

A morte de defensores de indígenas e da Amazônia; o assassinato de um jovem que entregou o celular para o assaltante e mesmo assim recebeu um tiro fatal; a morte por asfixia de um senhor, dentro de um porta-malas transformado em câmara de gás, entre tantas outras coisas que poderíamos citar, são alguns dos frutos das narrativas de violência zelosamente cultivadas por muitas pessoas.

A violência é como erva daninha: se tiver espaço para crescer livremente, alastra-se, ganha força, e espalha seus frutos para todas as direções. Neste sentido, é importante dizer que os atos de violência não são, como pode parecer, isolados, ao contrário, sempre estão ligadas à grande rama da violência; sempre representam frutos de semeaduras que estão logrando triste êxito.

Ora, o segundo ponto desta reflexão trata de percebermos que novas sementes de violência continuam sendo lançadas e algumas produzem frutos instantâneos, por incrível que pareça. Assim, é bom saber que são sementes férteis de violência: a manipulação da opinião pública por meio de mentiras (ou fake news, se quiser amenizar); a reprodução de mensagens falsas com o objetivo de alimentar o ódio contra quem quer que seja; a prática de corrupção por pessoas que prometeram combatê-la; a mistura nefasta, contraditória e diabólica entre um cristianismo farsante e o exercício do poder estatal.

Toda vez que optamos por discursos que colocam o uso da força sobre o diálogo; toda vez que defendemos o uso da violência para combater a própria violência, estamos semeando sementes desta mesma espécie. E mais: o coração de quem semeia é a primeira terra onde a semente semeada floresce e produz frutos.

A proposta é esta: semear mais daquilo que almejamos colher no presente e no futuro. Semear mais diálogo, compreensão, empatia. Semear mais verdade e respeito ao próximo e à Casa Comum. Semear mais sementes de paz e de bondade. Todas as pessoas trazem boas sementes dentro de si, mas é preciso decidir acessá-las e usá-las. É preciso tomar a decisão de deixar de lado as sementes do ódio e do medo para dar preferência às sementes da esperança. Que boa semente você semeou ou pretende semear hoje?

José Luciano Gabriel. Diácono Permanente da Diocese de Governador Valadares. Advogado. Professor. www.jlgabriel.com.br
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