A Igreja é chamada e habilitada como povo de Deus a endereçar o seu caminho na missão ao Pai, por meio do Filho no Espírito. A Igreja participa, assim, em Cristo Jesus e mediante o Espírito Santo, da vida de comunhão da Santíssima Trindade destinada a abraçar a humanidade inteira.
No dom e no empenho da comunhão, encontram-se a fonte, a forma e o alvo da sinodalidade, enquanto essa exprime o específico modo de viver e agir do povo de Deus na participação responsável e ordenada de todos os seus membros no discernimento e na colocação em prática das vias da sua missão.
No exercício da sinodalidade, traduz-se, de fato, em concreto, a vocação da pessoa humana a viver a comunhão que se realiza, através do dom sincero de si, na união com Deus e na unidade com os irmãos e irmãs em Cristo.
Para realizar o desígnio da salvação, Jesus ressuscitado comunicou o dom do Espírito Santo aos Apóstolos. No dia de Pentecostes, o Espírito de Deus foi derramado sobre os que, provindos de todo lugar, escutam e acolhem o anúncio, prefigurando a convocação universal de todos os povos no único povo de Deus.
O discernimento comunitário exige a escuta, atenta e corajosa, do que o Espírito diz às Igrejas: escuta de Deus, até ouvir com Ele o grito do povo; escuta do povo, até respirar aí a vontade para qual Deus nos chama. Os discípulos de Cristo devem ser contemplativos da Palavra e contemplativos do povo de Deus.
O discernimento deve se desenvolver em um espaço de oração, de meditação, de reflexão e do estudo necessário para escutar a voz do Espírito; mediante um diálogo sincero, sereno e objetivo com os irmãos; com atenção às experiências e aos problemas reais de cada comunidade e de cada situação; no intercâmbio de dons e na convergência de todas as energias em vista da edificação do Corpo de Cristo e do anúncio do Evangelho.
(4ª Parte do Artigo de Dom Félix sobre a Sinodalidade na Vida e na Missão da Igreja)