Jesus e seu olhar sobre a humanidade

Sem Deus, o gênero humano fica sem direção e identidade. Jesus nos alerta: “Sem Mim, nada podeis fazer” (Jo 15,5), mas também nos consola: “Eu estarei sempre convosco, até ao fim do mundo” (Mt 28,20). Um humanismo que nega Deus torna-se desumano, pois é o Amor indestrutível de Deus que nos modela e sustenta na busca pela justiça e pelo desenvolvimento dos povos. Em meio a sucessos e fracassos, Deus nos fortalece para lutar pelo bem comum, sendo Ele nossa maior esperança (CV 78).

A conversão é uma opção fundamental em adesão ao Reino de Deus, que se renova ao longo do caminho. Por isso, ela não é tristeza, mas a alegria de quem volta à sua terra natal, ao seu pai, à sua identidade.

Devemos voltar o olhar para Deus, que é capaz de curar nossa miopia espiritual, existencial e social. Apesar das oscilações entre vulnerabilidade e esperança, é preciso corrigir a visão errada que nega a essência e a natureza relacional humana. Uma cultura do descartável leva a tratara as pessoas como objeto e fomenta um agir individualista e agressivo, transformando o ser humano em mero bem de consumo (EG 53).

À luz da fé, sabemos que Deus vê as pessoas de outra maneira: como amadas e capazes de amar. Conforme o cego de Jericó, a humanidade deve suplicar a Deus para que sua visão seja restabelecida e deve manter os olhos sempre atentos aos irmãos, sobretudo aos que sofrem. Para isso, é fundamental uma renovação espiritual baseada no serviço e na entrega da vida pelos outros, descartando a lógica do domínio, do medo e do egoísmo.

(21ª parte da sequência de reflexões sobre o tema “A Dignidade Humana sob o olhar de Deus“).