A nova realidade exige que a Igreja avalie seus métodos de anunciar o Evangelho, iniciar na fé e fortalecer o senso de pertença à comunidade eclesial. O grito da Terra e o grito dos pobres (LS 49) nos estimulam a avançar para águas mais profundas, de acordo com o que Jesus nos propõe. Crescem os radicalismos que se difundem pelas redes sociais, percebe-se o avanço das pessoas que se declaram sem-igreja ou sem-religião como o dado que mais cresce entre a população brasileira no quesito religião, constata-se o progressivo empobrecimento da população com altos níveis de miséria e evidencia-se o descaso com a Casa Comum e com o futuro da vida.
Vemos a necessidade de renovar na Igreja o sentido da participação e da comunhão a partir da missão e em vista da missão. Ela exige empenho e criatividade para renovar as comunidades cristãs. Em tempos de excessiva oferta religiosa, ante o secularismo que ofusca o lugar de Deus na vida das pessoas e, apesar do individualismo, é preciso recuperar a fé, a confiança e a fidelidade em Deus, perfeita comunidade de amor.
É verdade, contudo, que muitos cristãos (leigos, consagrados, ministros ordenados), por vezes, experimentam uma espécie de cansaço pastoral e desencanto, fruto da complexidade do nosso tempo. Outros respondem a essa complexidade deixando-se atrair pela descrença, pelos fundamentalismos, pelos relativismos e pela indiferença. Existem também aqueles que se adaptam perfeitamente a este tempo e acabam vivendo mais em seu próprio nome do que em nome de Cristo. Há, ainda, os que, com esforço incansável, estão buscando novos métodos de evangelização e gastando sua vida em favor do Reino.
Precisamos identificar estruturas e atividades que não mais ajudam a anunciar e a viver de forma coerente com o Evangelho. Precisamos reformar e mudar o que dificulta a missão evangelizadora. No espírito sinodal, todos os batizados são responsáveis pela Igreja, cada um segundo a vocação específica que recebeu do Senhor. É chegado o tempo de renovar o ânimo pastoral, permitindo que a esterilidade dê lugar à fecundidade. Assim, podemos nos questionar: O que o Espírito está dizendo hoje à Igreja que está no Brasil?
(2ª parte da sequência de artigos sobre a “Ação Evangelizadora da Igreja” | Fonte: Instrumentum Laboris 2 das DGAE 2025).