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A Tenda do Encontro – 1ª parte

A Tenda do Encontro – 1ª parte

“E a Palavra se fez carne e veio morar entre nós, e nós contemplamos a sua glória, glória como do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” (Jo 1,14). A expressão traduzida em Jo 1,14 por “veio morar” também significa “acampou” ou, ainda, “armou sua tenda”. Para João, Jesus Cristo é a Palavra de Deus que se encarna e vem habitar no meio de nós, como se habitasse em uma tenda. Essa morada não se refere ao lugar onde Jesus residiu, mas a ele mesmo como morada de Deus entre os homens, carregando o simbolismo da habitação temporária que, no Antigo Testamento, caracterizou o povo peregrino rumo à Terra Prometida. As adversidades dos que peregrinam são assumidas pelo próprio Deus quando ele decide habitar junto a seu povo numa tenda no deserto (Ex 33,7-11). Essa tenda torna-se o lugar onde se pode encontrar a glória do Senhor que, no Novo Testamento, é o próprio Jesus, autor e consumador da salvação.

No Antigo Testamento, mais precisamente em Is 54,2, “tenda” significa a habitação do povo nômade e, portanto, faz referência direta à identidade do Povo de Deus que peregrinou pelo deserto rumo à Terra Prometida. A tenda era a proteção no caminho, um lugar onde se abrigar dos perigos da noite. Designava também a tenda nupcial, lugar onde se firmavam as alianças familiares (Gn 24,67), mas também a Aliança com Deus, na tenda do encontro (Ex 33,7-11).

O profeta Isaías exorta a alargar o espaço da tenda. Os hebreus alargam as tendas porque as famílias crescem e precisam de abrigo. A tenda é o lugar da fecundidade: quando a família cresce, a tenda precisa ser alargada. O convite a alargar a tenda é, portanto, também o convite a acolher o dom da fecundidade que vem de Deus e faz a família, que é a Igreja, crescer em novos tempos. Ela é fixada por estacas, de cuja firmeza depende para permanecer de pé. O vocábulo, que em Is 54,2 faz referência às estacas fincadas como pregos firmes, feitos de madeira, é utilizado em Esdras para designar as bênçãos de Deus que conferem estabilidade em seu santo lugar (Esd 9,8).

(3ª parte da sequência de artigos sobre a “Ação Evangelizadora da Igreja” | Fonte: Instrumentum Laboris 2 das DGAE 2025).

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