Habitada pela presença divina, a Tenda é o lugar do encontro, da hospitalidade, da comunhão e da intimidade com Deus. O povo experimenta a presença de Deus ao mover-se, junto com o Senhor, como peregrino em meio às areias e estepes dos desertos, tendo como horizonte a esperança pela conquista da Terra Prometida (Ex 29,43-46).

A flexibilidade ou mobilidade da tenda, que pode ser montada e desmontada a cada passo no caminho, a cada desafio do terreno, a cada nova direção dada por Deus, indica a necessidade de atenção, discernimento, abertura e disponibilidade por parte do povo em seu caminhar por este mundo em constante mudança, chamado a responder de forma dinâmica aos sinais por meio dos quais o Senhor fala e convida a novos passos.

O Filho de Deus encarnado arma sua tenda, coberta pela misericórdia, fincando as estacas da Lei do amor, para que confiram estabilidade aos seus gestos de compaixão, serviço e justiça. Dessa forma, o corpo de Jesus, sua humanidade, será o novo Templo.

Ao “armar sua tenda” entre nós, isto é, ao assumir um corpo e oferecê-lo em sacrifício na cruz, Jesus torna-se, por excelência, o mediador entre Deus e a humanidade: o “lugar” do encontro. Assim, ele manifesta em si mesmo, de forma definitiva, o desígnio de Deus de ser presença junto ao povo peregrino. Jesus, com sua vida e palavra, anuncia a chegada do Reino e escolhe discípulos para permanecerem com ele e para enviá-los em missão (Mc 3,13-15). Aos que ele convida para o discipulado, chama de “amigos” (Jo 15,14), revelando-lhes os segredos de sua intimidade com o Pai, para que possam viver e testemunhar o amor recíproco como lei, formando o Povo da Nova Aliança, a Igreja.

(4ª parte da sequência de artigos sobre a “Ação Evangelizadora da Igreja” | Fonte: Instrumentum Laboris 2 das DGAE 2025).