A Igreja no Brasil deseja, em sua vocação de sacramento universal de salvação, aproximar-se das tendas dos refugiados, dos sem-teto, das pessoas em situação de rua: ela já é um sinal das moradas eternas e, enquanto não as experimenta em plenitude, as indica e convida a esperá-las, estendendo sobre o mundo os sinais da plena bênção vindoura. Assim, a Igreja identifica-se com as tendas improvisadas dos peregrinos, armadas pelos que fogem ou que não têm onde morar dignamente, lugares onde o Senhor também dorme e passa necessidade. Ela é, enfim, mais que uma casa: é a tenda provisória de todos os que peregrinam neste mundo rumo à pátria definitiva.
A Igreja é Tenda do Encontro dos pequenos, abrigo de estrangeiros: sejam os expatriados, sejam os miseráveis, sejam aqueles cujas mazelas são íntimas e espirituais. Ela será, no deserto, em nome de Jesus Cristo, a proteção da vida por meio do anúncio da esperança, do dispensar da misericórdia, da profecia da caridade em meio à indiferença. Àqueles cujas tendas de papelão e pano são fracas, pequenas, insuficientes, a Igreja será a Tenda do Encontro com Jesus, abrigo seguro em meio à tempestade da vida.
A Igreja é chamada a configurar-se como tenda sempre itinerante e aberta, nunca estática e fechada. Precisa ser tenda da comunhão, mais do que espaço físico. É referência onde os sedentos de Deus o encontram e são convidados à experiência da dignidade filial em Cristo, na companhia de uma comunidade de fé e de vida.
O chamado a alargar a Tenda é uma indicação de que precisamos perceber o que há de novo, quais são as situações que nos estimulam a sermos uma Igreja em saída, capaz de responder com criatividade aos novos apelos do nosso tempo e do contexto brasileiro. É também um convite da Palavra de Deus a alargar o espaço de nossas comunidades para acolher outras pessoas que se dispõem a caminhar conosco na estrada de Jesus.
Que brilhe diante de nós, novamente, o testemunho apostólico de São Paulo: tendo se encontrado com o Senhor, num encontro transformador, ele tornou-se artífice de novas tendas-comunidades, anunciando o Evangelho, iniciando um grande número de pessoas à vida em Cristo, formando discípulos missionários e cumprindo o mandato de Jesus: Ide!
(6ª parte da sequência de artigos sobre a “Ação Evangelizadora da Igreja” | Fonte: Instrumentum Laboris 2 das DGAE 2025).