Os fiéis, chamados a se inserirem no mistério pascal de Jesus, por meio da liturgia, entendem que se faz necessário falarmos de uma espiritualidade encarnada. Trata-se de uma ação comemorativa na comunidade, na qual se celebra a vitória de Cristo sobre a morte. Cristo que se revela e realiza na história, por meio do Mistério Pascal, o seu grande amor, deixando-nos seu memorial como sinal de esperança, e nos ensina este mistério dentro de um rito, com arte.
O cultivo da proximidade com Deus faz-se através da totalidade do ser humano. Jesus se comunica de corpo e alma, na totalidade, e espera que nós façamos o mesmo por meio de nossas artes. Na encíclica Ecclesia de Eucharistia, São João Paulo II nos ensina que “quando alguém lê o relato da instituição da Eucaristia nos Evangelhos Sinóticos, fica admirado ao ver a simplicidade e simultaneamente a dignidade com que Jesus, na noite da Última Ceia, institui este grande sacramento” (EE, 47).
É interessante, porque essa afirmação mostra a nobre simplicidade na qual Jesus nos convida a celebrar seu mistério pascal na liturgia. É o próprio Jesus que convida os discípulos a prepararem cuidadosamente a grande sala para a ceia pascal. Acredito que seja este o convite de Jesus a cada um de nós nos dias atuais: que preparemos cuidadosamente a grande sala, o grande altar, para a celebração da eucaristia.
Em relação à celebração da Eucaristia, não podemos nos apegar nem a um formalismo rubricista, nem a um laxismo. Ambos nos levam a um grande equívoco reprovado pela Igreja, mas nos evoca nossa grande responsabilidade que de fazermos da celebração eucarística um lugar de arte, onde o conjunto de elementos nos leve a uma celebração ativa, frutuosa e participativa, capaz de enriquecer nossa espiritualidade e cultivar em nós a vontade de Deus.