O termo ‘arte’ geralmente se refere a habilidades criativas que contribuem com a beleza. Entretanto, da forma como isso se aplica à Liturgia, as habilidades humanas são subordinadas à realidade divina que está acontecendo. Quando o foco é no humano, separado do divino, a celebração da Liturgia sofre. Por isso, não deve haver qualquer tensão entre a arte de celebrar e a plena, ativa e frutuosa participação de todos os fiéis.
Infelizmente, no primeiro estágio de implementação da Constituição sobre a Sagrada Liturgia do Vaticano II, uma grande ênfase foi dada no aspecto externo da participação do povo. Como resultado, o foco na plena participação pendeu mais na direção do envolvimento de ministros leigos na Liturgia do que nas disposições interiores requeridas para fazer a participação mais frutuosa. Na Liturgia é Cristo quem age. O que é incrivelmente importante é que nós somos interiormente unidos a Ele na oferta sacrifical que Ele fez uma vez historicamente e que é atualizada na celebração sacramental da Liturgia. O Senhor Jesus é o artista. A nossa parte é estar unidos a Ele.
Logo, a arte de ‘celebrar bem’ não é apenas questão de executar uma série de ações reunidas em uma unidade harmoniosa, mas é uma comunhão profundamente interior com Cristo e com sua ação auto sacrifical e salvífica. Isto significa que o sacerdote precisa entrar em uma atitude profundamente reverente, totalmente concentrada e humilde, de fé e oração. Seu senso de temor tem que ser visível. Seu desejo de viver o que está celebrando tem que ser reconhecido em sua vida.
Mais ainda, a Liturgia é uma ação que foi confiada à Igreja. O celebrante não é dono da Liturgia. Ela não é sua para que possa alterá-la. A Liturgia é uma dádiva divina a ser respeitada e recebida com senso de reverência e protegida contra uma secularização inapropriada.
O próprio Cristo é o principal celebrante. Por isso, um dos grandes riscos ao celebrar a Missa, voltado para o povo, é que o sacerdote será tentado a atrair a atenção para si mesmo. Somos todos humanos. Mas o centro da ação é Cristo. A forma como falamos e agimos tem que atrair a atenção para esta verdade. Logo, um senso de temor e mistério deve perpassar a celebração com o silêncio apropriado e num espírito de oração. O que fazemos é Liturgia Divina. É eclesial em sua forma. Não deve estar sujeita a ajustes pessoais. É por isso que a correta arte de celebrar envolve adesão fiel às normas litúrgicas em toda a sua riqueza.