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A arte de enfrentar tempestades – 2ª parte

A arte de enfrentar tempestades – 2ª parte

 “A barca, já longe da terra, era agitada pelas ondas, pois o vento era contrário” (Mt 14,24)

Todos os medos estão inter-relacionados e, qualquer que seja seu objeto imediato, todos têm em comum o sentimento sombrio do perigo ameaçador.

O medo deixa as pessoas vulneráveis à manipulação. Não existe depósito de munição mais potencialmente explosivo do que os estoques de medo nas escuras profundezas de sua vida.

As pessoas ficam tensas e projetam estas tensões na realidade circundante. Encaram os outros como inimigos, e as oportunidades como ameaças. O trabalho passa a ser competição, e a vida, um campo de batalha.

O medo quebra o ritmo biológico e ataca os tecidos do corpo; ele nasce na mente, mas sua influência é sentida nos nervos, no pulso, nos músculos e na respiração.

As pessoas temem os perigos que conhecem e mais ainda os que não conhecem, mas os vislumbram presentes em cada esquina. Um medo que pode ser nomeado perde o terror e a capacidade de ferir; no entanto, um medo sem nome, um fantasma sem rosto, escuro como uma sombra e rápido como uma tempestade, aumenta o pavor e paralisa a ação. Medo sem nome que assombra e queima as energias que poderiam ser canalizadas para algo criativo.

O medo distorce a percepção da realidade; ele gera muitos fantasmas e pré-juízos que, como consequência, maximizam os fatores objetivos causadores do perigo.

Sendo uma emoção primária, com frequência, o medo impede o discernimento e a busca da solução mais inteligente para os problemas; longe de resolvê-los, pode agravá-los a longo prazo.

Quando o medo e a sensação de impotência impregnam nossa vida cotidiana, se aviva em nós a consciência permanente de “vulnerabilidade”. Na verdade, não estamos preparados para acolher nossa fragilidade, nossa condição humana.

Enfim, o medo obscurece o sentido e a direção da vida, tira o brilho tão próprio do amor; ele nos acovarda e nos enterra na acomodação mesquinha.

Fonte: Artigo do Pe. Adroaldo Palaoro, SJ.

Imagem: Por Ludolf Bakhuizen – [1], Domínio público, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=6653029

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