Contexto de Lc 22,61
Para a perspectiva de Lucas, o anúncio da negação (22,31-34) é precedido pela conspiração contra Jesus (22,1-6) e pela traição de Judas (22,47-53). A narrativa peculiarmente descreve um diálogo entre Jesus e Pedro. Nele, o Nazareno anuncia que o apóstolo seria submetido à prova por Satanás, com a permissão divina. Contudo, Jesus declara que intercede por Pedro, para que sua fidelidade seja garantida, preparando-o para confirmar seus irmãos.
Como em Mateus e Marcos, o texto de Lucas aponta o Monte das Oliveiras como o local para onde Jesus foi após a ceia, embora não mencione o Getsêmani (Lc 22,39-46). A seguir, tendo pedido aos discípulos para vigiar e orar, Jesus se retira para orar ao Pai. Durante a oração, um anjo aparece para confortá-lo, simbolizando que Deus não abandona o seu enviado. Orando com mais insistência, tomado pela agonia, seu suor se torna como que gotas de sangue.
Ao retornar, encontra os discípulos dormindo de tristeza. Enquanto os exorta a orar novamente, chega uma multidão liderada por Judas, que o entrega aos chefes dos sacerdotes (Lc 22,47-53). Durante o tumulto, um dos discípulos fere a orelha de um servo do sumo sacerdote, mas Jesus o cura restituindo-lhe a dignidade. Mesmo diante da prisão iminente, Jesus cura aquele que o prendia, manifestando seu ministério de misericórdia, pois Ele é como manso cordeiro levado ao matadouro (Is 53,7), mas é também o Cristo Senhor (Lc 2,11).
Lucas (Lc 22,39-53) omite a audiência noturna, mencionando apenas a reunião oficial do Sinédrio ocorrida pela manhã. Pedro, que acompanha Jesus de longe na casa do sumo sacerdote, o nega três vezes (Lc 22,54-63). Na última negativa, ao canto do galo, Jesus se volta e olha para Pedro, que se lembra das palavras ditas por Jesus na ceia.
Esse olhar de Jesus desperta o arrependimento em Pedro que, saindo dali, chora amargamente. Lucas conclui o capítulo 22 com os ultrajes a Jesus e o julgamento do Sinédrio, alertando os cristãos sobre o perigo da apostasia e destacando a rápida conversão de Pedro.
(12ª parte da sequência de reflexões sobre o tema “A Dignidade Humana sob o olhar de Deus“).