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A Dignidade Humana sob o olhar de Deus – 5ª parte

A Dignidade Humana sob o olhar de Deus – 5ª parte

“Abriram-se os olhos dos dois e perceberam que estavam nus” (Gn 3,7)

No fim de Gn 2, lemos que “o homem e a sua mulher estavam nus, mas não sentiam vergonha”. Esse estado de inocência, expressão de sua identidade íntima, fruto da bênção divina, permitia que ambos vivessem em harmonia com a criação e entre si. A ausência de vergonha não implicava a inexistência de sexualidade; pelo contrário, o instinto sexual fazia parte da atração natural entre o casal como um aspecto fundamental da identidade humana, conforme o plano divino.

Em Gn 3, a narrativa centra-se nas ações humanas. O homem e a mulher, cedendo à tentação, introduzem a desordem na história. Divide-se esse texto em dois momentos: a transgressão (Gn 3,1-7) e a consequente intervenção divina (Gn 3,8-24). O fruto da “árvore do conhecimento do bem e do mal” (Gn 2,9.17; 3,3) simboliza a tentativa de usurpar a onipotência divina, reivindicando para si a autonomia moral que pertence exclusivamente a Deus. Comer desse fruto representa a recusa à condição de criatura e o desejo insensato de independência, induzido pela serpente, que simboliza a tentação, para agir de forma contrária ao plano de Deus.

A serpente, astutamente, promete que os olhos do casal se abrirão e que “serão como deus” (Gn 3,5), iludindo-os com a perspectiva de uma condição divina que, na verdade, já lhes fora concedida por Deus quando os criou à Sua imagem (Gn 1,26s). Ademais, ao comerem do fruto, o homem e a mulher percebem sua nudez, que é sinal não apenas de fragilidade, mas também de vergonha e culpa pela transgressão cometida. As folhas de figueira com as quais se cobriram (Gn 3,7) é a tentativa de ocultarem a si próprios. Ao ouvirem os passos do Senhor que passeava pelo jardim, o temor e a culpa os induz a se camuflarem atrás de árvores, sinal de sua desconfiança e afastamento daquele que os criou “muito bons” (Gn 3,8).

(5ª parte da sequência de reflexões sobre o tema “A Dignidade Humana sob o olhar de Deus”).

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