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A Dignidade Humana sob o olhar de Deus – 6ª parte

A Dignidade Humana sob o olhar de Deus – 6ª parte

A proibição de comer do fruto da árvore, acompanhada do aviso das consequências (Gn 2,17; 3,3), preservava a liberdade humana, evidenciando-a como parte essencial de sua constituição desde o princípio. Por isso, a responsabilidade e a liberdade estão entrelaçadas tal como se diz em Dt 30,15-16.19 e se reafirma na Constituição Pastoral Gaudium et Spes: “Constituído por Deus num estado de justiça, contudo, o homem instigado pelo maligno, desde o início da história, abusou da própria liberdade, levantando-se contra Deus e desejando atingir o seu fim fora d’Ele. Apesar de conhecer a Deus, não o glorificou como Deus. Seu coração insensato se obscureceu e serviu a criatura em vez do Criador” (GS 13). Isso, que nos é conhecido pela Revelação divina, concorda com os dados da experiência humana, pois o homem, olhando o seu coração, descobre-se inclinado também para o mal, e mergulhado em muitos males, que não podem provir de seu Criador, que é bom. Muitas vezes, recusando reconhecer Deus como seu princípio, perturbou também a sua orientação para o fim último e, ao mesmo tempo, toda sua ordenação para si, para os demais homens e para toda a criação.

O documento prossegue afirmando ainda que o ser humano se encontra em um estado de divisão interior. Consequentemente, a vida humana, tanto individual quanto coletiva, é marcada por uma luta intensa entre o bem e o mal, entre a luz e as trevas. O homem percebe-se incapaz de, por si só, resistir às investidas do inimigo, sentindo-se como que aprisionado. O pecado, ferindo a dignidade do homem, impede-o de alcançar sua plena realização (GS 13).

Ao consumir o fruto, instaura-se uma visão deturpada sobre Deus, sobre sua autoimagem e sobre os outros. Tal quadro, na continuação das narrativas bíblicas, se confirmará como padrão das atitudes humanas (Gn 11,1-9; 25,26; 37,2-36). É preciso que Deus, que sempre olha a pessoa, mesmo quando quer ocultar-se do resplendor da face divina e afastar-se da bênção, intervenha na história para restabelecer as relações.

(6ª parte da sequência de reflexões sobre o tema “A Dignidade Humana sob o olhar de Deus”).

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