O povo, com frequência, se depara com flagelos, situações de pobreza, violência e injustiça. Em meio a essa miséria social, emerge, como sal da terra e luz do mundo, a solidariedade das comunidades eclesiais no socorro aos necessitados. Na pandemia da Covid-19, por exemplo, ficaram evidentes esses gestos pessoais que revelavam o senso de comunidade. Nas tragédias (enchentes, desabamentos, estiagens…) muitas comunidades se tornaram autênticos hospitais de campanha e referências de hospitalidade e cuidado.
A situação atual também revela os desafios à evangelização no Brasil: a perda do sentido comunitário da fé; a falta de compromisso com o estado permanente de missão; o distanciamento da cultura local; a limitação a uma catequese sacramentalista; o mau testemunho de muitos membros das comunidades, inclusive de ministros ordenados; o esquecimento da dimensão fraterna e da comunhão entre os fiéis; o esfriamento da fé; o desafio em trabalhar com jovens e adolescentes; a falta de interlocução com os pobres como sujeitos da evangelização; a falta de espírito missionário; o necessário despertar para o compromisso com o cuidado da Criação.
Percebem-se sérios empecilhos para que os fiéis se sintam participantes de uma autêntica comunidade de discípulos de Jesus Cristo. O impacto da cultura atual sobre as comunidades eclesiais pode até levar ao seu fechamento num pequeno grupo que pretende viver o Evangelho à parte da vida social e de forma sectária. Maneiras autoritárias de viver qualquer tipo de liderança também impedem que nossas comunidades sejam lugares acolhedores. O clericalismo de ministros ordenados e de leigos causa grandes problemas.
(8ª parte da sequência de artigos sobre a “Ação Evangelizadora da Igreja” | Fonte: Instrumentum Laboris 2 das DGAE 2025).