Discurso do Papa João Paulo II sobre a Família aos Bispos do Leste em 22/11/2002
Venerados Irmãos no Episcopado, saúdo-vos afetuosamente com as palavras de São Pedro, o primeiro Papa: “A graça e a paz vos sejam dadas em abundância pelo conhecimento de Deus e de Nosso Senhor Jesus Cristo”, tendo também vós recebido, “pela justiça do nosso Deus e de Jesus Cristo, nosso Salvador, uma fé tão preciosa como a nossa” (2 Pd 1, 1-2), para acender a esperança no coração dos homens e mulheres deste tempo.
Desejo agradecer as palavras e os sentimentos que, em nome do Episcopado de Minas Gerais e do Espírito Santo, foram expressos pelo Senhor Cardeal Dom Serafim Fernandes de Araújo, Arcebispo de Belo Horizonte, feliz por ver como o amor de Cristo vos estimula a um apostolado intenso e generoso em prol do crescimento do Reino de Deus nas dioceses que vos foram confiadas. Esta Visita ad Limina deu-vos ocasião de expor com suficiente amplidão, quer mediante os relatórios que apresentastes quer durante os colóquios pessoais que tivestes comigo, os vossos anseios e preocupações pastorais. O meu encontro convosco, hoje, consente-me, em primeiro lugar, agradecer em nome da Igreja, vosso zelo pelo trabalho que realizais e, depois, confirmar-vos na missão comum de Bom Pastor que providencia ao Povo de Deus, especialmente às famílias, as pastagens onde encontrar a vida e encontrá-la em abundância.
Na Carta, que dirigi às famílias em 1994, dizia que “a família se acha no centro do grande combate entre o bem e o mal, entre a vida e a morte, entre o amor e quanto a este se opõe. À família está confiado o dever de lutar, sobretudo, para libertar as forças do bem, cuja fonte se encontra em Cristo, Redentor do homem. É preciso fazer com que tais forças sejam assumidas por cada núcleo familiar, para que a família seja o forte de Deus”.
Célula originária da sociedade e “Igreja doméstica”, a família sempre constituiu o primeiro âmbito natural da maturação humana e cristã das novas gerações, formando-as para os valores cristãos da honestidade e da fidelidade, da operosidade e da confiança na divina providência, da hospitalidade e da solidariedade; hoje, porém, tem necessidade de um apoio particular para resistir às ameaças desagregadoras da cultura individualista.