Não podemos esquecer que a família deve testemunhar seus próprios valores, diante de si mesma e da sociedade. As tarefas, que Deus chama a desenvolver na história, brotam do próprio desígnio original e representam seu desenvolvimento dinâmico e existencial. Os casados devem ser os primeiros a testemunhar a grandeza da vida conjugal e familiar, fundada na fidelidade ao compromisso assumido diante de Deus. Graças ao sacramento do matrimônio, o amor humano adquire valor sobrenatural, capacitando os cônjuges a participarem do próprio amor redentor de Cristo e a viverem como parcela viva da santidade da Igreja. Este amor, em si mesmo, assume a responsabilidade de contribuir para a geração de novos filhos de Deus.
Mas como aprender a amar e a dar-se generosamente? Nada impele tanto a amar, dizia Santo Tomás, como saber-se amado. E é precisamente a família – comunhão de pessoas onde reina o amor gratuito, desinteressado e generoso – o lugar em que se aprende a amar. O amor mútuo dos esposos prolonga-se no amor aos filhos. Com efeito, mais do que qualquer outra realidade humana, a família é o ambiente em que o homem é amado por si mesmo e aprende a viver “o dom sincero de si”. A família é, portanto, uma escola de amor, na medida em que persevera na própria identidade: a comunhão estável de amor entre um homem e uma mulher, fundada no matrimônio e aberta à vida.
Quis recordar estes princípios, pois quando desaparecem o amor, a fidelidade ou a generosidade perante os filhos, a família se desfigura. E as consequências não se fazem esperar: para os adultos, solidão; para os filhos, desamparo; para todos, uma vida insuportável. E eu o fiz, de certo modo, para convocar todas as forças da pastoral diocesana a fim de não hesitar em atender aqueles casais que se encontram em dificuldades, animando-os oportunamente a serem fiéis à sua vocação de serviço à vida e à plena humanidade do homem e da mulher, fundamento da “civilização do amor”.
Aos que temem as exigências que tal fidelidade comporta, recordo o que disse São João Paulo II: “Não tenham medo dos riscos! Não existe uma situação difícil que não possa ser enfrentada de modo adequado quando se cultiva um clima de vida cristã coerente”. De resto, imensamente maior que o mal que age no mundo é a eficácia do sacramento da penitência, caminho de reconciliação com Deus e com o próximo.