O clima de hedonismo e de indiferentismo religioso, que está na base do esfacelamento da sociedade, propaga-se no seu interior e é a causa da desagregação de muitos lares. Quero, por isso, convidar os que se dedicam à Pastoral Familiar na nossa Diocese a dar novo impulso na defesa e na promoção da instituição familiar, com uma adequada preparação deste grande Sacramento, “com referência a Cristo e à Igreja”, como diz São Paulo (Ef 5, 32). Através dos ensinamentos da Igreja, fornecidos em aulas, preparação dos noivos para o casamento, conversas particulares com algum casal idôneo ou com um sacerdote experiente, o matrimônio reforçará a fé, a esperança e a caridade dos noivos face à nova situação social e religiosa que são chamados a assumir.
A ocasião também é propícia para uma nova evangelização dos batizados, quando estes se aproximam da Igreja para pedir o sacramento do matrimônio. Neste sentido, chama à atenção a educação em nossa região que, mesmo tendo dado passos significativos, carece da correlativa evolução na vida cristã das jovens gerações. Neste setor, as comunidades eclesiais têm um papel importante a desempenhar, pois, deste modo, ao experimentar e testemunhar o amor de Deus, poderão manifestá-lo com eficácia e em profundidade àqueles que necessitam conhecê-lo.
Ademais, uma proposta pastoral para a família em crise supõe, como exigência preliminar, uma clareza doutrinal, efetivamente ensinada no campo da Teologia Moral, sobre a sexualidade e a valorização da vida. As opiniões contrastantes de teólogos, sacerdotes e religiosos, divulgadas inclusive pela imprensa e pelas mídias sociais, sobre as relações pré-matrimoniais, o controle da natalidade, a admissão dos divorciados aos sacramentos, a homossexualidade masculina e feminina, a fecundação artificial, o uso de práticas abortivas ou a eutanásia mostram o grau de incerteza e a confusão que perturbam e chegam a anestesiar a consciência de muitos fiéis.