Na base da crise da instituição familiar, percebe-se a ruptura entre a antropologia e a ética, marcada por um relativismo moral segundo o qual se valoriza o ato humano, não com referência a princípios permanentes e objetivos, próprios da natureza criada por Deus, mas conforme a uma ponderação meramente subjetiva acerca do que é mais conveniente ao projeto pessoal de vida. Produz-se, então, uma evolução semântica em que o homicídio se chama morte induzida, o infanticídio, aborto terapêutico, e o adultério passa a ser uma simples aventura extramatrimonial. Não havendo mais certeza absoluta nas questões morais, a lei divina torna-se uma proposta facultativa na oferta diversificada das opiniões mais em voga.
Certamente, devemos dar graças a Deus porque estão bem enraizadas as tradições religiosas nas famílias, donde ainda surgem muitas vocações sacerdotais e religiosas. Mas, sem descurar as demais prioridades do trabalho pastoral – de modo especial a pastoral vocacional e o acompanhamento e a formação dos candidatos ao sacerdócio – é necessário um esforço generoso no amplo campo do apostolado da família através da catequese, das pregações, do aconselhamento pessoal. Neste sentido, é preciso que as comunidades eclesiais favoreçam o enriquecimento da vida eclesial e o fundamental engajamento das famílias.
Que a Sagrada Família, ícone e modelo de cada família humana, ajude cada um a caminhar no espírito de Nazaré. Para isso, levem aos fiéis o estímulo de que como Jesus estava em Caná da Galileia, Esposo entre aqueles esposos que mutuamente se entregavam por toda a vida, está hoje conosco como motivo de esperança, força dos corações, fonte de entusiasmo sempre novo e sinal da vitória da ‘civilização do amor’. Jesus, o Bom Pastor, repete-nos: Não tenhais medo. Eu estou convosco. Estou convosco todos os dias até ao fim do mundo. Desejo que esta certeza guie os cônjuges e quantos os ajudam a compreender e pôr em prática o ensinamento da Igreja sobre o matrimônio.