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A Fé numa situação de mudança de época – 1ª parte

A Fé numa situação de mudança de época – 1ª parte

As questões de Fé se referem à Verdade Revelada, da qual depende tudo o mais: “sem fé é impossível agradar a Deus” (Hb 11, 6). Muitas vezes deixamos adormecido e abandonado justamente a Fé, que nutre, sustenta e dá força à nossa vida e à nossa comunidade. Nós, como Igreja, temos conseguido dar as razões de nossa esperança a partir da fé, em meio às crises atuais? Escreve o Papa Francisco: “Quando a fé esmorece, há o risco de esmorecerem também os fundamentos do viver” (LF 55). Bento XVI, na homilia da Missa de inauguração da Conferência de Aparecida, em 13 de maio de 2007, já havia notado que o rico tesouro do Continente Latino-americano, seu patrimônio mais valioso, a fé no Deus de amor, está se desgastando e diluindo de maneira crescente.

Vivemos num mundo super conectado e a “cyberteologia” é entendida como um novo campo teológico para “pensar a fé cristã nos tempos da rede”. Desta experiência religiosa feita por meio da internet surgem questões políticas, teológicas, morais etc. Dentro da rede, pessoas isoladas ou grupos religiosos passaram a ocupar, por um processo de midiatização, um espaço ostensivo nas instâncias de poder digitais. Ao mesmo tempo, a migração da prática religiosa para o mundo virtual exige mudança de estratégia pastoral: um desafio.

Com a pandemia, surgiram grupos católicos conservadores, radicais, reacionários, no interior da Igreja do Brasil. São tomados pelo tradicionalismo fundamentalista. São empenhados no combate ao Vaticano II, à reflexão teológica pós-conciliar e ao Pontificado do Papa Francisco. Estes grupos estão minando nossas comunidades e cooptando nossas lideranças pastorais, já fragilizadas. Eles se arvoram em donos da verdade e instrumentalizam pronunciamentos dos bispos. Assim proliferam pequenos cismas. Encontramos grupos altamente midiatizados que usam todo o potencial disponível, e que se apresentam como defensores da “ortodoxia católica”, da tradição, da moral e da liturgia. É preciso reagir adequadamente frente a esses vários “magistérios paralelos” existentes.

Impõe-se a busca de equilíbrio entre ortodoxia (doutrina correta) e ortopraxia (prática correta), ambas necessárias, mas em harmonia e jamais em contraposição. Os extremos levam ao fanatismo, ou seja, a substituir o verdadeiro Deus por um “ídolo”, que pode ser algo muito perto de Deus e relacionado com Ele, como seja, por exemplo: a lei, os mandamentos, a justiça, a defesa da vida e dos direitos humanos.

(Artigo sobre a Fé numa situação de mudança de época, de D. Pedro Cipollini – 3ª Parte)
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