A pandemia fez pensar no valor da vida e colocou a questão da finitude, da morte. É tempo de crise e de incerteza, mas também, de esperança e de graça, de esvaziamento de pretensões puramente imanentes: colocam-se indagações sobre a transcendência, a eternidade (novíssimos: juízo, céu, inferno, purgatório). A fragilidade da condição humana diante da morte interpela o sentido da vida e escancara a desigualdade social e a lógica perversa de um sistema econômico desumanizador numa “cultura de morte”. Devemos nos perguntar: A Igreja está sabendo falar da escatologia cristã em tempo de luto?
A guerra cultural em curso no Ocidente tem chegado ao Brasil com toda a força nos últimos anos, em grande parte fomentada pelo confronto entre o paradigma assim chamado “pós-moderno” e a “Tradição Judaico-Cristã”, que fundamentou grande parte da cultura e dos nossos valores morais. De fato, estamos numa cultura pós-cristã. Um exemplo disso é a desconstrução do paradigma do matrimônio monogâmico e da família natural, como proposto pelo cristianismo. A consequência disso é a ideologia de gênero, que visa legitimar novo paradigma da sexualidade humana, com base na bissexualidade, na pansexualidade etc.
Surgem muitas interrogações que esperam de nós uma resposta. Algumas respostas já foram dadas, outras não. Como fazer perceber que a Igreja não é somente organização humana, mas também divina? O que é ser católico em tempos de pluralismo, de pessoas religiosas, mas sem comunidade, de muitas religiões e pouca fé, de católicos que não receberam o querigma?
Além disto, se percebe a falta de sentimento de pertença à Igreja, que cria dificuldade para se viver a vida paroquial. A questão do senso de pertença à Igreja nos interpela! Como articular a pluralidade na Igreja, que nasceu plural, mantendo a unidade da fé e da comunidade eclesial? Coloca-se a questão da unidade dentro da própria Igreja, unidade na pluralidade, que deve manter, porém, a comunhão indivisível em torno da “Regula Fidei”.