Alegria e paz! Espero encontrar você bem!
A palavra ignorância é frequentemente usada como sinônima de grosseria e impaciência. É comum alguém ser chamado de ignorante quando age com brutalidade ou indelicadeza, mas o significado mais adequado para a palavra é outro: ignorância denota desconhecer, não saber sobre alguma coisa.
A palavra ignorar vem do grego e o prefixo “i” tem a função de negação, logo, “gnose” significa conhecimento e o prefixo indica não-conhecimento, portanto, ser ignorante é desconhecer algum assunto, por exemplo.
As perguntas que motivam nossa reflexão de hoje são as seguintes: Alguém pode ser responsabilizado ou considerado culpado por ser ignorante? O ignorante em matéria de política, economia, relações humanas, religião etc. tem culpa de sua condição? Deve pagar pela ignorância? A pessoa é responsável por suas ações ou omissões, mesmo sendo ignorante? Ou está livre de qualquer julgamento ou responsabilização com base na alegação de que ignorava – desconhecia – a matéria em questão?
O enfrentamento dos problemas colocados acima não é fácil; avaliar o impacto que a ignorância gera na responsabilidade do ignorante é tarefa complexa e perigosa. Não dá para inocentar ou para condenar sem examinar o caso concreto e as condições que envolvem as pessoas diretamente ligadas ao fato em análise.
Considerando a objetividade que este texto exige, podemos dizer que a responsabilidade do ignorante é proporcional à sua possibilidade real de ter superado a ignorância e de não estar mais vitimado por ela. Uma pessoa que tem ou teve condições objetivas para sair da condição de ignorância e não saiu; uma pessoa que teve acesso aos meios capazes para libertar-se da ignorância e não o fez, é mais responsável por sua condição de ignorância que uma pessoa que não teve as mesmas condições para se libertar.
Vamos a dois exemplos: Imagine uma pessoa que tem acesso à internet e às informações produzidas por vários canais de notícias; sabe que algoritmos definem os conteúdos (posts, fotos, notícias etc.) que aparecem nas “timelines” de suas redes sociais; tem total possibilidade para buscar melhores informações sobre o que está acontecendo na sociedade e mesmo assim cultua e celebra a ignorância com relação ao mundo à sua volta, sobretudo admitindo visões unilaterais, insensatas e não científicas! Esta pessoa é responsável pela ignorância que cultiva proporcionalmente às reais possibilidades de se livrar desta ignorância, ou seja: muito responsável!
Para um segundo exemplo, imagine uma pessoa que tem pouco acesso às informações, que vive praticamente isolada e sem possibilidades para buscar a superação de suas ignorâncias. Esta pessoa é flagrantemente menos responsável por sua fatídica condição de ignorância. Menos responsável, não se trata de isenção total, mas de atenuação!
Talvez você esteja pensando, que a pessoa imaginada no segundo exemplo é cada vez menos comum. De fato, é mesmo! Portanto, você concluirá, por força da lógica, que cada vez menos podemos isentar as pessoas das responsabilidades/culpas por ações ou omissões justificadas na ignorância. As pessoas são tão mais responsáveis pelo que fazem ou deixam de fazer quanto mais chances tiveram de deixar a ignorância que poderia justificar ações equivocadas.
Pergunte-se: Você busca superar suas ignorâncias para não agir equivocadamente ou se esconde por trás da malfadada desculpa da ignorância?