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A Tenda do Encontro – 3ª parte

A Tenda do Encontro – 3ª parte

Peregrina na história (LG 6), a Igreja é sustentada pelo Espírito que nela habita e a faz crescer visivelmente como mistério do Reino (LG 3). Nascida do dom total de Jesus Cristo na cruz (Jo 20,34), a Igreja é o seu corpo vivo e presente na história (1Cor 12,27), chamada também ela, portanto, a ser “tenda de Deus” e “templo do Deus vivo” (2Cor 6,16). Enquanto se abrigam sob a “tenda de Deus”, os que nela são acolhidos em razão do seu Batismo e recebem o dom da vida em Cristo são igualmente chamados a viver sua fé, inseridos na comunidade eclesial, como seus ativos construtores e peregrinos. Essa tenda também estende seu abrigo ao propor a fé àqueles que não são batizados, acolhendo-os já enquanto os acompanha, na esperança do encontro com Jesus Cristo.

Usamos a imagem da tenda para expressar o espírito que deve mover nossa ação evangelizadora, expressão do convite ao aprofundamento da identidade sinodal da Igreja: somos convidados a ser tenda do alargamento, sustentada por estacas bem firmes. Somos peregrinos e trabalhamos na esperança do Reino de Deus. Nessa perspectiva, habitando a tenda da Igreja, buscamos o Eterno entre as coisas que passam, pois não temos aqui morada permanente (Hb 13,14).

Sabemos que a habitação em tendas, atualmente, para muitas pessoas, é sinal de angústia, desespero, vulnerabilidade, perigo e perseguição. As tendas dos refugiados que migram são locais de insegurança; as barracas das pessoas em situação de rua são expressões insalubres de uma extrema indiferença que as põe à margem. São inúmeros os barracos nos quais vivem milhões de famílias e evidenciam os despejos e as exclusões de uma sociedade marcadamente individualista e injusta.

Nas favelas, nos grupos de sem-teto e em outras tendas da sociedade atual há um clamor profético que parte do Evangelho. A tenda, nesses contextos, significa a condição de ser estrangeiro, rejeitado, estranho. Não ignoramos essa condição, mas, na perspectiva da espiritualidade bíblica, enxergamos também a tenda como morada do Cristo que padece nos sofredores. Ele, ao assumir as misérias humanas, assumiu também como sua morada esses abrigos vulneráveis e desconfortáveis, essas tendas de panos surrados, de papelão e outros descartes da sociedade, para conduzir à plena salvação. Em todas essas situações, a Igreja se apresenta como um lar para quem não tem casa.

(5ª parte da sequência de artigos sobre a “Ação Evangelizadora da Igreja” | Fonte: Instrumentum Laboris 2 das DGAE 2025).

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