A missão que o Senhor Jesus confiou a seus discípulos é a de anunciar o Evangelho (Mc 16,15). Este é o primeiro serviço que a Igreja pode prestar à humanidade inteira, no mundo de hoje e de todos os tempos. Para isso foi chamada: para anunciar o Evangelho do Filho de Deus, Cristo Senhor, e, através dele, suscitar a obediência da fé em todos os povos (Rm 1,1-5; Gl 3,5), em vista da edificação do Reino. A Igreja cumpre seu mandato, sobretudo quando testemunha, por palavras e obras, a misericórdia que ela própria gratuitamente recebeu (PE 1).
Jesus é a Boa-Nova, o Evangelho de Deus para a humanidade. Sendo o grande missionário do Pai, Ele mesmo é o primeiro e principal evangelizador. O modo de Jesus evangelizar deve inspirar o modo de seus discípulos realizarem a mesma missão em todos os tempos. Ele age sempre como Aquele que serve (Jo 13,1-20), disposto a carregar os sofrimentos, os pecados e as incompreensões dos seus irmãos (Is 53,1-4). Ele anuncia a Boa-Nova do Reino a todos, particularmente aos pobres e pecadores (Lc 4,14-21).
Jesus chama todos à mudança de vida, de acordo com o que Deus deseja para a humanidade (Mc 1,14-15). Ninguém fica excluído de sua mensagem. Ele vai buscar a ovelha perdida e faz festa quando a resgata (Lc 15,3). Para poder agir assim, Jesus vai ao encontro das pessoas onde elas estão, desce aos lugares mais escuros do pecado sob a forma da injustiça, da discriminação, da avareza, da apatia, da indiferença, onde a dor e o sofrimento alcançam seu grau mais intenso.
Desde a fase continental do Sínodo sobre a Sinodalidade (2021-2024), a Igreja no Brasil tem se empenhado em atender ao convite feito pelo Espírito a dispor-se como tenda, cuja cobertura esteja sempre disposta ao alargamento da escuta e do acolhimento, sustentada pelas estacas bem firmes da proposição da fé nos contextos atuais, para continuar a mesma missão de Cristo, Verbo de Deus, que se fez carne e veio morar entre nós (Jo 1,14). Deus armou sua tenda entre nós.
A Igreja no Brasil conhece uma série de elementos novos que têm desafiado a comunhão, a participação e a missão. O Concílio Vaticano II alertara sobre as mudanças rápidas e profundas que repercutem na vida humana: “uma verdadeira transformação sociocultural, que repercute na própria vida religiosa” (GS 7). O Documento de Aparecida destacara a mudança de época. As mudanças, portanto, não são apenas externas, mas estão revisando as noções de ser humano e as relações sociais, propondo novas ideias de viver a fé e inovações no senso de pertencimento religioso. Diante desse novo cenário, a Igreja no Brasil precisa dar continuidade à sua missão de anunciar, santificar e testemunhar.
(1ª parte da sequência de artigos sobre a “Ação Evangelizadora da Igreja” | Fonte: Instrumentum Laboris 2 das DGAE 2025).