Neste mês, o Papa nos pede para rezarmos, na intenção de oração universal, pela amizade social, “a fim de que, nas situações sociais, econômicas e políticas conflitivas, sejamos corajosos e apaixonados artífices do diálogo e da amizade”(https://redemundialdeoracaodopapa.pt/rezar-com-o-papa/intencoes/2021/7). Mesmo sendo únicos e diferentes, trabalhamos para o bem de todos: isso é amizade social. A amizade social possibilita o diálogo, a fim de que um ouça o outro, de coração aberto, sem gritar, criticar ou responder, antes mesmo que o outro termine de falar. Paixões e ideologias proporcionam inimizades sociais, econômicas e políticas, pois nos cegam e impedem que deixemos que o outro se manifeste, uma vez que preferimos excluir quem pensa diferente, do que ouvir e respeitar o que ele tem para falar.
Infelizmente, a amizade social ainda não está disponível para todos. Há inúmeras pessoas que não têm acesso ao mínimo necessário a uma vida digna, porque não têm saneamento básico e água encanada, educação gratuita de qualidade, assistência médica e hospitalar, alimentação, cultura, esporte, lazer, emprego… Deus criou o mundo, para que todos pudéssemos desfrutar dele. Enquanto houver excluídos, não existirá amizade social para eles. Enquanto não nos esforçarmos para que eles tenham acesso ao mínimo necessário a uma vida digna, não existirá amizade social para eles. Amizade social é para todos e enquanto só grupo restrito a tiver e não partilhá-la, o reino de Deus não acontecerá para grupo restrito que não partilha, nem acolhe os excluídos.
Solidariedade, fraternidade, diálogo e respeito às diferenças podem transformar gritos em diálogos frutíferos, ainda que entre pessoas diferentes, desde que busquem criar laço para uma verdadeira amizade social, capaz de evitar conflitos e promover a paz. Será que existe amizade social em casa, no trabalho, na comunidade de fé e nos demais ambientes sociais que frequentamos? Será que nos preocupamos com nossos semelhantes, carentes de saneamento básico e água encanada, educação gratuita de qualidade, assistência médica e hospitalar, alimentação, cultura, esporte, lazer? Enquanto não atendermos aos apelos de doação de leite aos bancos de leite, doação de sangue e cadastro de medula óssea nos hemocentros, roupas e alimentos às pessoas necessitadas e às entidades de acolhimento a crianças, idosos, enfermos, dependentes de álcool e outras drogas, estaremos muito distantes de concretizar a amizade social. Quem não pode doar ou não tem algo para partilhar, pode rezar e transmitir esses apelos a quem possa, nas redes sociais…
Amizade social é o que nos impulsiona a querer o bem-estar de nossa família e da família do outro, a amar nossos entes queridos e os outros, a servir nossos amados e os outros, a cuidar dos nossos interesses e dos interesses dos outros. Precisamos sair de nós mesmos e generosamente acolher todos. Onde há fraternidade e solidariedade, não cabe egoísmo, indiferença, violência, exclusão, injustiça, corrupção, preconceito. Amizade social promove a prática da justiça e a promoção da cultura da paz. Cristão não exclui quem pensa diferente, ele acolhe e respeita, ele dialoga e tem compaixão. Amizade social é o que permite que olhemos o outro, até mesmo um estranho, e nele enxerguemos um filho de Deus, que precisa ser acolhido, ouvido, amado e respeitado. Todos os dias, sempre e especialmente nestes tempos de pandemia, que saibamos nos acolher, ouvir, amar e respeitar. Deus nos ajude!