Ser testemunhas e profetas da alegria constitui a essência dos seguidores e seguidoras de Jesus. E, “para viver a alegria, exercitar-se na alegria”, é preciso nos converter à alegria de Deus que é autêntica paixão pelo ser humano; é preciso contagiar a alegria do Evangelho; é preciso afastar obstáculos que travam a alegria de viver; é preciso remover a pedra de nossos sepulcros e viver como ressuscitados.
Como profetas da alegria, longe de fugir dos conflitos da vida, nós os enfrentamos e os integramos com sentido. Não temos mais fronteiras, não excluímos sexo, classe social, cor, língua, religião, não descartamos o aparentemente inútil. Nossa vida e nossa palavra querem ser anúncio e compromisso de concórdia e comunhão nos conflitos, unindo pontos, integrando diferenças, curando feridas. Devemos reforçar o testemunho de comunhão na diversidade para mostrar que é possível superar o medo às diferenças. Nossa vida alegre desmonta a hipocrisia, as ambições, a vaidade, o escândalo…
A presença do Ressuscitado deu à alegria um caráter existencial e não a faz depender nem do esforço pessoal nem de posse alguma de um bem temporal, mas do sentido global da pessoa.
Quem vive a partir da alegria, vive a partir do essencial e sabe discernir o autêntico das aparências e o útil do supérfluo. A alegria mantém alta a utopia e não se cansa em sua irradiação. Seguimos o conselho agostiniano: “A felicidade consiste em tomar com alegria o que a vida nos dá, e deixar com a mesma alegria o que ela nos tira”.
Quem é transparente e coerente transmite alegria em seu falar e em seu agir. Ser alegre não significa ser impassível e insensível diante da injustiça, da violência, da pobreza e da exclusão. As virtudes que acompanham a alegria fazem com que a pessoa alegre seja também compassiva e misericordiosa e trabalhe pela paz e pela justiça.
O profeta da alegria anuncia sempre mensagem de salvação, exercita a compaixão, suscita a esperança, se envolve na promoção da paz, da justiça, da solidariedade e da fraternidade.
Dom Félix
Fonte: Artigo “A Amizade com Jesus na Palavra e na Eucaristia” (34ª Parte).