De 17 a 24 de outubro de 2022, nós bispos de Minas Gerais e Espírito Santo realizamos a visita ad limina apostolorum, cuja finalidade é expressar a comunhão e a fidelidade de cada Bispo para com o Sucessor de Pedro.
A visita ad limina constou das seguintes atividades: encontro com o Papa Francisco; reunião nos principais Dicastérios da Cúria Romana; concelebração eucarística nas quatro Basílicas de Roma (São Pedro, São Paulo fora dos muros, Santa Maria Maior e São João do Latrão – a Catedral de Roma); peregrinação a Assis com concelebração eucarística na Basílica de Santa Maria dos Anjos; Missas no Colégio Pio Brasileiro, onde ficamos hospedados; reunião com a Direção do Colégio.
Visitamos os seguintes Dicastérios: para a Promoção do Desenvolvimento Humano, para os Bispos, para o Clero, para a Doutrina da Fé, para a Vida Consagrada, para as Causas dos Santos, para a Educação Católica, para a Comunicação, para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, para os Leigos, a Família e a Vida. Visitamos também o Supremo Tribunal da Assinatura Apostólica, a Pontifícia Comissão para a Proteção dos Menores, a Pontifícia Comissão para a América Latina, o Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, a Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos, a Embaixada do Brasil na Santa Sé, a Secretaria de Estado do Vaticano e a Obra da Igreja, entidade que tem como missão oferecer transporte gratuito aos bispos na visita ad limina.
Na visita a cada Dicastério, primeiramente, todos os bispos se apresentavam; a seguir, um bispo em nome dos demais fazia a saudação ao Prefeito e ao Secretário daquele Dicastério e apresentava os desafios pastorais daquela área específica. A seguir, acontecia um diálogo informal e descontraído por meio do qual cada bispo pode obter orientações e esclarecimentos sobre as mais variadas questões.
O ponto alto da visita ad limina foi, sem qualquer sombra de dúvida, a Audiência com o Papa Francisco, que nos escolheu com muita espontaneidade e simplicidade, além de responder todas as perguntas que lhe foram feitas com muita clareza e bom humor.
Dentre as muitas orientações do Santo Padre, gostaria de destacar as seguintes:
1) Em nossa ação pastoral e evangelizadora, não basta dizer “sim” ou “não “, “pode” ou “não pode”, não basta “permitir” ou “proibir”; é preciso dialogar. E o diálogo exige: acolhida afetuosa e sem preconceito, escuta atenta, discernimento à luz da Palavra de Deus e do Espírito Santo e orientação segura e de fácil compreensão.
2) A síntese da escuta sinodal, mais que um ponto de chegada, é um ponto de partida. O que foi escutado precisa ser assimilado, discernido, assumido, praticado e transmitido.
3) A missão cristã não se restringe a atividades, mas consiste num modo de ser, viver e agir. Nós não temos uma missão; nós somos missão. Daí que, mais importante que dar testemunho, é ser testemunha; mais importante que pregar o Evangelho, é viver conforme o Evangelho.
4) Em nossa vida e missão, precisamos ter sempre alegria, esperança e misericórdia. A alegria do Evangelho é aquela gratificação interior de quem sabe que é muito amado por Deus e sente como é bom amar o próximo como Jesus nos amou, a ponto de dar a vida por nós. A esperança é importante porque ela não decepciona; quem espera sempre alcança porque não permanece de braços cruzados; pelo contrário, arregaça as mangas e age como se tudo dependesse dele, mas ciente de que tudo depende de Deus. A misericórdia tudo desculpa e a ninguém condena. Quem é misericordioso também é caridoso, compassivo, compreensivo e perdoa sempre, a exemplo do próprio Deus.
Por fim, ouso dizer que a visita ad limina foi para nós bispos um tempo de graça e uma grande oportunidade de revitalização ministerial e eclesial. Foi uma ocasião de fazermos uma profunda experiência de unidade e de colegialidade entre nós e com o Sucessor de Pedro. Voltamos para as nossas Dioceses com mais ânimo e coragem para continuar nossa missão.
