Ser tentado na fé sob um plano cultural é uma das provas mais duras das pessoas e principalmente do cristão. Em especial em nossa época, na qual a ciência e o poder econômico se aliam para questionar tudo, e tudo colocar de acordo com seus parâmetros. Muitos já separaram a vivência da fé e da religião, da própria vida.
É preciso recomeçar, a partir de Jesus Cristo (DAp 244-245). Voltar às origens não é uma divagação de saltos num passado muito remoto, nem a idealização de épocas que nunca mais voltarão. Voltar às origens significa voltar ao essencial, isto é, recuperar o espírito da primeira comunidade cristã, retornar ao coração da fé.
Guardar a fé, voltar às origens, ao essencial, ao Evangelho do Reino, a Jesus Cristo, é o desafio que devemos enfrentar numa cultura na qual o eixo não é Deus, mas o sistema econômico alavancado pela técnica e a ciência, no qual o progresso do ser humano se concentra no progresso material, tecnológico. Nossa sociedade vive um pluralismo religioso acentuado. Conta com pessoas religiosas, mas sem religião, com muita religião e pouca fé.
O processo de transmissão da fé nos desafia a perceber cada vez mais que o
cristianismo é um encontro com uma Pessoa: Jesus Cristo. É entrar em comunhão com Ele, ouvir Sua Palavra, orar e viver com Ele, permanentemente (DAp 243). Precisamos transmitir uma fé capaz de dar esperança para sustentar a vida do povo. Encontramos algumas dificuldades que precisamos resolver com muito discernimento e coragem, quanto a esta questão da transmissão da fé.
Vale a pena recordar aqui as palavras do Papa Francisco: “A última palavra é da fé. Sem a fé, a presença dos crentes no mundo se reduziria a presença de uma agência humanitária. Por isso, a fé deve ser o coração da vida e da ação de todos os batizados. Não uma fé genérica e vaga, como se fosse uma bebida sem graça que perde o valor; mas uma fé genuína, viva, como a deseja o Senhor quando disse aos discípulos: ‘Se tiverdes fé como um grão de mostarda…’” (Lc 17,6).
Confiemos na ação do Espírito, enviado sobre os apóstolos em Pentecostes. Ele nos escolheu e ungiu, para sermos cooperadores da verdade. Ele jamais nos faltará!
(Artigo sobre a Fé numa situação de mudança de época, de D. Pedro Cipollini – 14ª Parte)