Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação
Em 1º de setembro celebra-se o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, instituído pelo Papa Francisco em agosto de 2015, e dá início ao Tempo da Criação que se conclui em 04 de outubro, memória de São Francisco de Assis. Nesse período, os cristãos são convidados a renovarem em todo o mundo a fé em Deus criador e a se unirem na oração e na ação pela preservação da casa comum. Será um “Jubileu pela Terra”, pois nesse ano se celebra o 50º aniversário do Dia da Terra. E, na Escritura, o Jubileu é um tempo sagrado para recordar, regressar, repousar, restaurar e rejubilar.
O Jubileu é um tempo de graça para recordar a vocação primordial da criação: ser e prosperar como comunidade de amor, pois tudo está relacionado e entrelaçado pelo amor que Deus tem a cada uma e a todas as criaturas. Por conseguinte, o cuidado com a natureza é inseparável da fraternidade, da justiça e da fidelidade aos outros.
O Jubileu é um tempo de regressar, de voltar atrás e arrepender-se para refazer essas relações danificadas, que são essenciais para a sobrevivência humana e de toda vida no planeta. É um regressar para Deus, criador do ser humano e de todo o universo, mesmo porque não é possível viver em harmonia com a criação sem estar em paz com o Criador, fonte e origem de todas as coisas. É um voltar para os outros, especialmente os pobres e os mais vulneráveis, com espírito de comunhão e solidariedade, que vence a indiferença e a competição. É um voltar-se para a terra, lembrando-nos que não somos donos de nada; pelo contrário, somos parte da rede interligada da vida. Precisamos readquirir a capacidade de contemplar e de nos maravilharmos com a criação.
O Jubileu é um tempo para repousar, descansar, restaurar-se, tanto o homem como a Terra, pois o nosso estilo de vida força o planeta para além dos seus limites. Nossa sociedade consumista, que privilegia a produção e o consumo desenfreados, está esgotando os recursos minerais e destruindo os ecossistemas. Urge encontrar estilos de vida sustentáveis, que restituam à Terra o repouso que lhe cabe. E, de algum modo, a atual pandemia levou-nos a redescobrir estilos de vida mais simples e sustentáveis.
O Jubileu é um tempo para restaurar a harmonia primordial da criação e para curar relações humanas comprometidas. É tempo duma justiça reparadora, do perdão das dívidas dos países mais frágeis, tendo em vista o grave impacto das crises sanitárias, sociais e econômicas que terão de enfrentar depois da pandemia. Neste momento crítico, é necessário promover uma solidariedade dentro de cada geração e entre as gerações. É também tempo de restaurar a terra para o restabelecimento de um equilíbrio climático e da biodiversidade, protegendo as comunidades indígenas da voracidade das mineradoras e madeireiras, que destroem a natureza e exploram vergonhosamente os pobres.
O Jubileu é tempo para rejubilar, festejar, comemorar. É verdade que há muita destruição em nosso planeta, mas também somos testemunhas de como o Espírito está inspirando por todo lado indivíduos e comunidades a se unirem para reconstruir a casa comum e defender os mais vulneráveis, na certeza de que um novo mundo é possível, cientes de que as coisas podem mudar, conjugando o esforço humano e a graça divina.