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Dom Antônio Carlos Félix fala sobre a rebelião no presídio de Governador Valadares

Dom Antônio Carlos Félix fala sobre a rebelião no presídio de Governador Valadares

Foi com tristeza e preocupação que, hoje, recebi a notícia, já esperada para qualquer momento, sobre a rebelião de presos no presídio de Valadares, pois a superlotação é um dos problemas desse presídio. A unidade tem capacidade para 290 pessoas, mas abriga 800 presos.

O motim começou na manhã de sábado, dia 06 de junho, quando os presos dos blocos B e D quebraram as grades das celas e tomaram outros pavilhões. A direção do presídio conseguiu retirar a tempo as armas armazenadas no local e que nenhum agente penitenciário ficou ferido.

A situação ficou ainda mais tensa no início da tarde, quando os presos atiraram do telhado da unidade cinco detentos que estavam numa área de isolamento. As vítimas foram levadas para um hospital da região e não correm risco de morrer.

Os rebelados atearam fogo em colchões e outros objetos e, por isso, foi preciso que o Corpo de Bombeiros entrasse no presídio para apagar as chamas.

Militares do Grupo de Ações Táticas Especiais (GATE) da Polícia Militar comandaram as negociações com os detentos. O Comando de Operações Especiais (COPE) também participou da operação. O juiz de Execuções Penais de Governador Valadares, Tiago Cabral, esteve no presídio e auxiliou a PM no processo de rendição dos rebelados.

Graças a Deus, a rebelião terminou na manhã deste domingo, dia 07 de junho, quando cerca de 100 presos se renderam e começaram a ser transferidos para outras unidades prisionais da região. Os detentos que serão remanejados estão saindo da unidade em grupos de 20 pessoas e vão passar por um processo de triagem. Dois ônibus já deixaram o local levando rebelados para presídios em Teófilo Otoni e Ipatinga. A situação está sob controle.

A Secretaria de Estado de Defesa Social (SEDS) confirmou duas mortes no local e disse também que os corpos estão fora da carceragem, mas o número de vítimas pode aumentar em razão do incêndio na unidade, provocado pelos próprios rebelados.

O secretário de Estado de Defesa Social, Bernardo Santana, e o subsecretário de Administração Prisional, Antônio de Padova Júnior, estão a caminho de Valadares para avaliar a situação. Espero que estas autoridades tomem as medidas necessárias para o caso.

Nesta oportunidade, quero solicitar das autoridades responsáveis pela defesa social e pela administração do sistema prisional em Minas medidas que resolvam definitivamente a situação dos nossos presídios que estão superlotados e numa situação de abandono. Os presidiários que já foram julgados e condenados precisam cumprir suas penas, mas são seres humanos e precisam ser tratados com mais respeito e humanidade.

Às famílias dos detentos, sobretudo daqueles que vieram a morrer, nossa solidariedade!

Cúria Diocesana de Governador Valadares, aos sete dias do mês de junho de 2015.

Dom Antônio Carlos Félix
Bispo Diocesano

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