Fala-se hoje dos altos custos sociais devido à falta de reconhecimento da instituição familiar, em termos de mediações para os valores de autêntica humanidade e a partir da família. Pode-se observar que, realmente, uma quantidade crescente de problemas sociais nasce da falta de reconhecimento e de apoio das funções e mediações sociais da família. Prova disso é o aumento de mal estar, doenças, enfermidades mentais, de degradação, suicídios e tentativas de suicídios entre jovens, do mesmo modo em que são indicativas as carências familiares na persistência da evasão escolar.
A sociedade moderna tentou eliminar toda mediação entre o indivíduo e a sociedade. Buscou a realização pessoal do “puro indivíduo”, numa “sociedade aberta”, feita apenas de indivíduos. O resultado foi perder o indivíduo e negar a mediação familiar; deixá-lo “sem casa”, com graves consequências. O “indivíduo”, sem referência familiar, é um “sujeito fraco”, necessitado de construir “novas” formas de mediações sem as quais não pode existir nem a “sociedade” nem o “sujeito humano”.
É necessária uma nova casa, onde a família volte a ter a sua real importância. Não se podem coerentemente queixar-se deste vínculo universal, ou que não existia altruísmo, quando se negam os valores da identidade que é a família, nas pequenas solidariedades quotidianas. A família é necessária para a sobrevivência e existência da mesma cidadania política. Ninguém pode deixar de lado uma relação de confiança, de ajuda, apoio primário, no decorrer da própria vida.
Ficar “sem casa”, sem família, pelos caprichos suicidas do Estado, é para o ser humano sentir-se reduzido a nada, exposto às tempestades da vida, e ser ameaçado na raiz da sua própria personalidade. Sejamos sinceros: estes indivíduos fracos são a prova do fracasso de hipóteses aventureiras, de uma péssima antropologia, de um vazio imenso na concepção do ser humano como pessoa e da própria sociedade.
Para não alterar totalmente tal direção, como evitar um colapso universal? Este perigo é real e deve fortalecer a reação saudável e a função política e social da família. Exige também que seja reconhecido o direito da família de poder contar com uma adequada política familiar da parte das autoridades públicas no campo jurídico econômico, social e fiscal, sem nenhuma discriminação. A família tem direito de existir e de progredir como tal. Só a aproximação aos indivíduos não basta, pois desconhece “a subjetividade familiar”, a casa como centro e fonte de relações, sem as quais a sociedade se perde!