Os custos sociais do não reconhecimento das mediações familiares, com os obstáculos que tem o perigo de imobilizá-la politicamente e na sua influência social, têm suas vítimas, sobretudo, nas crianças. Como não denunciar um terrível vazio de solidariedade e a falta de vontade política de oferecer rápidas soluções!
No amplo fenômeno de violência injusta que gera morte, desigualdades e desequilíbrios de oportunidades que cobrem milhões e milhões de vítimas inocentes (sem contar a abominável matança que é o aborto), poder-se-ia dar uma resposta histórica com uma eficaz mobilização que está ao alcance das nossas mãos.
Se colocasse, à disposição dos principais objetivos da política para o desenvolvimento, uma décima parte dos meios que nestes dez anos têm sido utilizados no mundo para armamentos, hoje viveríamos com pouca ou nenhuma desnutrição, com um número muito menor de enfermidades e de invalidez, com um nível de alfabetização e de instrução muito mais alto, com rendas mais elevadas.
Por outro lado, as condições sanitárias melhoraram no mundo no decorrer dos últimos 40 anos, mais do que durante toda a precedente história da humanidade. Na última década o aparecer da infância como argumento de interesse público e político foi impressionante. Hoje, a atenção orientada às crianças não se consuma no princípio de que são elas os cidadãos mais vulneráveis da sociedade ou o recurso mais precioso da humanidade. O século XXI pertence às crianças. Abramos, portanto, o coração à esperança!
Há outras formas de “pobreza” que atingem vítimas na infância e que não se limitam só a questões econômicas ou de saúde física, e que são, hoje, objeto de estudo e análise.
As provas da crescente pobreza das mães sós e do deteriorar-se físico e mental das crianças representam o fator mais importante desta troca de mentalidade. O crescimento do número de divórcios e de nascimentos fora do matrimônio é considerado a causa próxima que está por trás destas tendências.
Aumentam os estudos sérios sobre o impacto inclemente da ausência do sentido da família na infância e na juventude. Como não sentir-se gravemente interpelados os dirigentes de um país, além dos partidos políticos? A correlação entre o crime na idade da adolescência e a desagregação da família é clara. Sabe-se que setenta por cento dos jovens homens, que se encontram nas penitenciárias, provêm de famílias nas quais faltava o pai.
Por outro lado, sabe-se que as crianças e os adolescentes obtêm resultados melhores, quando experimentam o compromisso pessoal e o apoio material do pai e da mãe, e quando ambos os pais cumprem com responsabilidade a própria missão com amor. Índices crescentes de divórcio, de traições, e a falta dos pais, não são apenas manifestações de estilos de vida alternativos, mas de esquemas de comportamento adulto que aumentam o risco de consequências negativas para a criança.
Estas informações, extraídas de fontes de maior credibilidade, nos mostram a gravidade do problema e a necessidade de fortalecer e auxiliar a família no cumprimento das suas mediações sociais, sem as quais as civilizações se desmoronam. No centro do problema está uma questão de valores, estilos de vida, comportamentos que incidem na sociedade através da família existente ou ausente. Convém, de toda forma, ao Estado, ajudar a família a ter uma vigorosa ética familiar. Uma democracia justa requer cidadãos virtuosos e entende que a religião é essencial para a criação da ética das motivações que se nutrem na família.