Considerando a Igreja a Casa da Palavra, antes de tudo, deve-se dar atenção à Liturgia, que constitui o lugar privilegiado onde Deus nos fala no momento presente da nossa vida. De fato, é enorme a importância da Escritura na celebração da Liturgia. O valor reconhecido à Palavra pelos documentos eclesiais deve ser acolhido em escolhas celebrativas, começando por uma digna proclamação da Palavra. A Igreja funda-se sobre a Palavra de Deus, nasce e vive dela. O Povo de Deus encontrou sempre nela sua força e, também hoje, a comunidade eclesial cresce na escuta, na celebração e no estudo da Palavra de Deus.
Nos anos após o Concílio Vaticano II, para que a Bíblia entrasse na vida das pessoas e comunidades, foram propostos os ‘Círculos Bíblicos’, inspirados nas primeiras comunidades cristãs. Esta experiência se espalhou, rapidamente, na vida das nossas comunidades e, muitas delas, mantêm acesa esta chama com subsídios apropriados. Sementes de comunidades eclesiais maiores, esses grupos têm conseguido integrar: encontro fraterno, constância nas reuniões, contato com a Palavra de Deus, ação caritativa e transformadora.
Na Verbum Domini, Bento XVI insiste na abordagem orante do texto sagrado e apresenta a necessidade da leitura orante da Palavra. Esse método cresceu em muitas comunidades e não apenas transmite conhecimento, mas faz o discípulo orar, conversar com Deus, ouvir seu chamado e ser enviado.
Fiéis a esta positiva experiência, é preciso que a Palavra de Deus esteja sempre presente nos encontros, nas celebrações e nas reuniões. Por isso, pedimos que se multipliquem e sejam dignamente preparadas as celebrações da Palavra e as homilias; que se organizem círculos e estudos bíblicos, grupos de leitura orante da Palavra de Deus; que se valorize o Ofício Divino das Comunidades e a Liturgia das Horas. A Palavra de Deus seja lida e refletida na Novena do Padroeiro e inspire a elaboração de hinos, cânticos e mantras, para que se mantenha nos fiéis o ardor do coração, a perseverança no amor e a fidelidade na missão.
O acesso mais articulado das comunidades com a Palavra de Deus, em comunhão com o Magistério da Igreja, fortalecerá os laços comunitários e contribuirá para o maior vínculo entre fé e vida, de forma mistagógica e como continuidade à iniciação cristã de inspiração catecumenal. Recomenda-se que o estudo da Palavra não seja só intelectual, mas que ilumine as diversas situações da vida de pessoas e comunidades, bem como as realidades sociais.