Sabemos que não se deve entender a fé como segurança. A âncora é símbolo da esperança. A fé é simbolizada pela cruz, símbolo paradoxal como é paradoxal a própria fé. A fé, porém, deve ser a luz que possibilita caminhar nas trevas. A fé nos faz caminhar através da escuridão luminosa do mistério pascal, cuja luz brota do círio, imagem de Jesus, o Crucificado que é o Ressuscitado, luz que nada, ninguém pode apagar.
Hoje em dia, muitos cristãos já não são conscientes nem sequer dos ensinamentos básicos da fé, por isso, existe um perigo crescente de apartar-se do caminho que leva à vida eterna. Por este motivo, segue sendo tarefa própria da Igreja conduzir as pessoas a Jesus Cristo, Luz das nações (LG 1), através da fé n’Ele. Nesta situação, se expõe a questão da orientação. Como a Igreja deve orientar as pessoas? Como responder a tantas perguntas? Como cumprir sua tarefa que é espiritual (GS 42), que é a salus animarum (CIC 1752)? Segundo São João Paulo II, o Catecismo da Igreja Católica é uma “norma segura para a doutrina da fé” e foi escrito com o objetivo de fortalecer na fé os irmãos e irmãs. Fé que, por sua vez, está sendo amplamente questionada pela “ditadura do relativismo”, que se expande num contexto social marcado pelo cientificismo e o secularismo. A questão da verdade e a indagação sobre Deus já não interessa.
A fé, como outras realidades que se movem no âmbito do mistério, não se explica a partir de uma definição clara e distinta, sempre limitada, mas a partir de muitas perspectivas. Porém, uma coisa é certa, a fé existe só onde o Espírito de Jesus conseguiu modelar uma existência. Neste sentido, é preciso dizer que a fé age pela caridade (Gl 5, 6) e impõe um modo de vida, uma prática coerente com Jesus Cristo. Por isso, o agir cristão deve brotar da fé. Até que ponto isto é consciente para a maioria dos cristãos? Fé e vida estão inseparavelmente unidas, porque “a fé sem obras está morta” (Tg 2, 26).