Jesus não aboliu a Lei do Sinai, mas cumpriu-a com tal perfeição, que revelou o sentido último dela e resgatou as transgressões contra ela cometidas. Ele venerou o templo, subindo a ele nas festas judaicas de peregrinação e amou com amor zeloso esta morada de Deus entre os homens. O templo prefigura o seu mistério. Quando anuncia a sua destruição, fá-lo como revelação da sua própria morte e da entrada numa nova idade da história da salvação, em que o seu Corpo será o templo definitivo. Jesus praticou atos, como o perdão dos pecados, que O manifestaram como sendo o próprio Deus salvador. Alguns judeus, que, não reconhecendo-o Deus feito homem, viam n’Ele um homem que se fez Deus, julgaram-n’O como blasfemo.
«Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras» (1 Cor 15, 3). Nossa salvação procede da iniciativa amorosa de Deus em nosso favor. «Foi Ele que nos amou e enviou seu Filho como vítima de propiciação pelos nossos pecados» (1 Jo 4, 10) «e, em Cristo, reconciliou consigo o mundo» (2 Cor 5, 19).
Jesus ofereceu-Se livremente para nossa salvação. Este dom, significa-o e realiza-o Ele, de antemão, durante a última Ceia: «Isto é o meu Corpo, que vai ser entregue por vós» (Lc 22, 19). Nisto consiste a redenção de Cristo: Ele «veio dar a sua vida em resgate pela multidão» (Mt 20, 28), quer dizer; veio «amar os seus até ao fim» (Jo 13, 1), para que fossem libertos da má conduta herdada dos seus pais.
Pela sua obediência amorosa ao Pai, «até à morte de cruz» (Fl 2, 8), Jesus cumpriu a missão expiatória do Servo sofredor, que justifica as multidões, tomando sobre Si o peso das suas faltas (Is 53, 11).
Para benefício de todos os homens, Jesus experimentou a morte. Foi, de verdade, o Filho de Deus feito homem que morreu e foi sepultado. Durante a permanência de Cristo no túmulo, a sua pessoa divina continuou a assumir tanto a alma como o corpo, apesar de separados entre si pela morte. Por isso, o corpo de Cristo morto não sofreu a corrupção (At 13,37).
Por Dom Félix – Bispo Diocesano de Governador Valadares.