O objetivo específico da Leitura Orante da Bíblia (Lectio Divina) é despertar o gosto e a alegria pela leitura diária e pela prática da Palavra de Deus, pois quando rezamos falamos com Deus, quando meditamos a Bíblia, Deus fala conosco. A Lectio Divina favorece este diálogo com o Senhor. Por isso, a nossa atitude quando meditamos a Palavra de Deus deverá ser sempre a atitude do discípulo fiel: acolher e praticar a Palavra!
“A Lectio Divina, a escuta da Palavra de Deus, que sempre esteve no coração da vida monástica, é o momento da Palavra, o tempo do coração que escuta, que recebe, que se deixa impregnar. É também o momento de silêncio em que ruminará longamente essa Palavra para deixá-la penetrar até as profundezas do ser e tornar-se realmente nossa. Se formos muito rápido, na leitura, a impressão será superficial ou se apagará. Ninguém pode duvidar que uma palavra que vem do coração, e que foi vivida em profundidade por aquele que a traz consigo, penetrará ainda mais em quem a escuta” (Dom Dymas de Lassus, prior do Mosteiro da Grande Cartuxa). Em outras palavras, para sermos evangelizadores precisamos ser discípulos do Senhor, ouvintes e praticantes da Palavra que anunciamos.
“Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para ensinar, para argumentar, para corrigir, para educar conforme a justiça. Assim, o homem de Deus estará capacitado para toda boa obra” (2Tm 3, 16-17). Portanto, “sejam praticantes da Palavra de Deus e não simples ouvintes, enganando-se a si mesmos” (Tg 1, 22). “Que a Palavra de Cristo habite em vós, com toda a sua riqueza, para que possais ensinar e aconselhar uns aos outros com toda sabedoria!” (Cl 3, 16)
“A palavra é viva quando são as obras que falam. Cessem, portanto, os discursos e falem as obras. Estamos saturados de palavras, mas vazios de obras. Por este motivo o Senhor nos amaldiçoa como amaldiçoou a figueira em que não encontrara frutos, mas apenas folhas. Diz São Gregório: “Há uma lei para o pregador: que faça o que prega”. Em vão pregará o conhecimento da Lei quem destrói a doutrina por suas obras” (Santo Antônio de Pádua, I, 226, Séc. XII).