Estimados Bispos, padres, diáconos, religiosos, religiosas, seminaristas, aspirantes à vida religiosa, leigos, leigas, distintas autoridades, Meios de Comunicação e pastores.
Meu nome é Antônio Carlos Félix, mas gosto que me chamem de ‘Dom Félix’. Tenho 56 anos de idade, 27 de padre e 11 de bispo. Sou de origem humilde. Nasci em Caldas, lá no Sul de Minas. Minha terra natal tem pouco mais que dez mil habitantes, mas já deu dez padres para a Igreja. Eu me orgulho muito de minha família. Sou filho de uma doméstica, de saudosa memória, e meu pai é um lavrador, que tem 80 anos de idade e ainda trabalha.
Deus me concedeu a graça de exercer o meu ministério sacerdotal em meios bem diversos, como uma preparação pastoral para o episcopado. Fui vigário numa paróquia rural e pároco numa paróquia de periferia; fui formador e professor no Seminário Arquidiocesano de Pouso Alegre; fui promotor vocacional e percorri as paroquias daquela amada Arquidiocese; participei de quase todos os conselhos diocesanos; trabalhei com quatro bispos e com dezenas de formadores e professores; e participei da formação sacerdotal de varias dezenas de padres da Província Eclesiástica do Sul de Minas.
Meu programa devida e ministério pastoral está sintetizado nas palavras do meu lema episcopal: ‘SIRVAMOS SEM TEMOR’. Foi para isso que a Igreja me fez padre e me colocou a serviço do Povo de Deus. Para isso ela me consagrou bispo e hoje amplia minhas funções e alarga meu campo de atividade: é para que trabalhemos juntos, não isolados, com amor e sem medo, na edificação da Igreja de Cristo e do Reino de Deus, até a presente data na querida Diocese de Luz; doravante, nesta acolhedora Diocese de Valadares.
Não procurem ver em mim um político, embora como cidadão e como cristão eu não possa me desinteressar pelo bem comum. Não me considerem só um administrador dos bens temporais, porque minha missão é de ordem prevalentemente espiritual. Não busque em mim a profundeza científica ou as maravilhas das técnicas. Quero ser, no meio de vocês, um ministro de Deus e da Igreja. Quero ser para vocês: pai, pastor e amigo. Pai que educa e corrige; Pastor que cuida e conduz; amigo que é capaz de se alegrar e de sofrer junto, mas também diz a verdade na caridade. Para isso quero estar bem escudado na Tradição da Igreja e ao mesmo tempo, bem aberto aos sinais dos tempos, acolhendo as novas conquistas sem rejeitar antigos valores. Quero ser homem de uma palavra só: ‘SIM ou NÃO’, proferida na caridade, mas sem hesitação, sem confusão, com mansidão e transparência.
Sei que tenho defeitos, não sou perfeito. Porém, esforçar-me-ei por agir com equilíbrio e firmeza, a fim de estimular os mais lentos e conter os mais impetuosos. Para isso, quero ter um bom coração: grande o suficiente para acolher a todos; generoso para amar a todos. Quero amar a todos sem distinção: clérigos e leigos; católicos e evangélicos; crentes e ateus; justos e pecadores. E, se houver preferências em meu coração, que elas sejam para os pobres, os enfermos, os humildes, os simples, os oprimidos os abandonados, a exemplo de Jesus.
Por isso, não devo me isolar na Cúria. Quero ir ao povo nas paróquias e comunidades, para conhecê-lo e para ser conhecido por ele, para falar-lhe e a para ouví-lo. Quero que o povo tenha livre acesso a mim, sem barreiras e preconceitos. Guardado o mínimo de ordem necessária para a eficiência do serviço pastoral, todos os que precisarem deverão encontrar facilidade de se aproximarem de mim. E deverão sentir que eu não sou indiferente aos problemas da vida social, econômica e política, e que me interesso por tudo e por todos, pois a salvação eterna – da qual sou mensageiro – não exclui, antes supõe, a felicidade temporal dos filhos de Deus, obtida pelo uso conveniente dos bens e pelo cultivo dos valores terrenos.
Dom Antônio Carlos Félix – Bispo da Diocese de Governador Valadares