A Legião de Maria completou 100 anos de fundação, que aconteceu em 1921, em Dublin, Irlanda, por Frank Duff, que foi pioneiro no protagonismo leigo e, por isso, participou como observador leigo do Concílio Vaticano II. Esse movimento mariano chegou ao Brasil em 1951 e, desde então, espalhou-se por todo o país.
Em nossa Diocese, Dom Félix presidiu uma Missa pelo Centenário da Legião de Maria, na Paróquia Nossa Senhora das Graças, no dia 07 de setembro de 2021, às 19h00. Concelebraram a Missa, que também foi transmitida pelas redes sociais da Paróquia, Pe. Arilson e Pe. Benito, com a participação de seminaristas, legionários, legionárias e fiéis.
Homilia dos 100 Anos da Legião de Maria
Amanhã, 08 de setembro, a Igreja comemora a Natividade de Maria, que teve origem no século V. Segundo a tradição, foi construída em Jerusalém uma igreja no lugar onde havia a casa de Joaquim e Ana, pais de Maria. Mais tarde, outra igreja foi aí edificada e recebia milhares de peregrinos que iam venerar o nascimento de Maria. No Ocidente, essa festa foi acolhida pela Igreja de Roma ao longo do século VII. Difundida por toda a Europa, tornou-se, a partir da Idade Média, uma festa muito valorizada.
Ao contemplar o nascimento de Maria, São João Damasceno exclama: “Formou-se um céu sobre a terra, porque está para iniciar a salvação”. Deus olha e admira a menina que descansa tranquila nos braços de Santa Ana e a prepara para o futuro: um dia ela dará à luz Aquele que o universo não pode conter: o Filho de Deus, Jesus Cristo.
Hoje, 07 de setembro, Dia da Pátria, a Legião de Maria comemora 100 anos de sua fundação. O movimento mariano, que nasceu em 1921, na Irlanda, chegou ao Brasil em 1951 e, desde então, espalhou-se por todo o país. Ao celebrar este centenário, os legionários se dizem privilegiados e tem consciência de que precisam deixar um bom legado para o futuro. Realmente, é um privilégio celebrar o centenário de um movimento mariano que está espalhado pelo mundo todo. É uma graça muito grande e, ao mesmo tempo, uma enorme responsabilidade: a de deixar um legado às gerações cristãs futuras.
O Senatus é um organismo que dirige a Legião de Maria em determinada área, podendo ser um país ou, no caso do Brasil que é amplo territorialmente, engloba alguns estados. Acima dele, está o Conselho Central, na Irlanda. Na estrutura do movimento há ainda os grupos paroquiais, chamados de Praesidium, considerados “a unidade de Legião de Maria”.
A Legião de Maria foi fundada em Dublin, Irlanda, por Frank Duff, que foi pioneiro no protagonismo leigo e, por isso, participou como observador leigo do Concílio Vaticano II. Ao participar da Sociedade de São Vicente de Paulo, Frank Duff se sensibilizou com as necessidades dos pobres e desfavorecidos e percebeu que essas pessoas, além de bens materiais, precisavam de ajuda espiritual. Assim surgiu a Legião de Maria, uma associação católica que tem como objetivo “a glória de Deus pela santidade de seus membros, desenvolvida pela oração e pela cooperação ativa na obra de Maria e da Igreja”. Trata-se, portanto, de uma associação de leigos que, sob a proteção e a intercessão de Nossa Senhora e com aprovação da Igreja, destina-se à evangelização e à santificação das pessoas por meio da oração e do trabalho apostólico ativo.
A Legião de Maria surgiu com o objetivo de atender às necessidades pastorais da Igreja, porque naquela época não havia o protagonismo dos leigos. Assim, os legionários são leigos engajados que, a partir da vida de oração, atuam na vida da Igreja, colocando-se a serviço do bispo e do pároco para os trabalhos necessários.
Quando criou a Legião de Maria, Frank Duff queria que fosse baseada no exército romano, que dizia ser o mais obediente aos seus superiores. Por isso, disse, nossa superiora é Maria, a generalíssima. Trata-se de um serviço de evangelização em nome de Deus, através de Maria. Ela é nosso sustentáculo, é quem guia nossos passos e não nos abandona nunca. Por isso, o primeiro quesito para ser legionário é ter uma devoção profunda por Nossa Senhora.
Num discurso aos peregrinos da Legião de Maria no Vaticano, em 1982, São João Paulo II afirmou com veemência que os legionários e as legionárias têm “uma espiritualidade eminentemente mariana, não só porque a Legião se orgulha de levar como bandeira desfraldada o nome de Maria, mas, sobretudo, porque baseia seu método de espiritualidade e de apostolado sobre o dinâmico princípio de união com a Virgem Maria, sobre a verdade da participação íntima da Mãe de Jesus e Mãe da Igreja no plano de salvação”.
Passados cem anos desde a sua fundação, a Legião de Maria não perdeu sua função na Igreja, embora atue hoje num contexto muito diferente daquela época. Ela continua com uma vida de oração na qual a devoção mariana é central e os legionários estão à disposição da Igreja para os trabalhos de evangelização necessários.
A missão da Legião de Maria é realizada com base no tripé: oração, reunião e apostolado. Esse tripé se constitui numa disciplina legionária, com as orações diárias, a reunião semanal e duas horas de trabalho por semana, que são as visitas a hospitais, asilos, orfanatos, famílias, pessoas doentes, enlutadas. Essa disciplina permite que o legionário tenha um aprendizado constante. Quando fazem essas visitas e deparam com essas situações de doença, luto e solidão, os legionários aprendem a olhar para o outro do jeito que Cristo nos olha, com misericórdia; passam a ver na pessoa que sofre o rosto de Cristo. Assim, o tripé legionário favorece a disciplina de oração, as visitas ao Santíssimo Sacramento, a participação na Missa e nos Sacramentos
Participar da Legião de Maria faz o legionário experimentar um crescimento na devoção mariana e reforça o olhar para Maria como modelo de discípula missionária, aberta à Palavra de Deus e à causa dos pobres e sofredores. Ademais, há um enriquecimento da dimensão missionária, principalmente ao ver a dedicação e entrega de tantos leigos à Legião de Maria, às vezes abrindo mão de muitas coisas em sua vida pessoal para realizar o trabalho legionário.