Olhando a realidade pós-moderna, a catequese deve descobrir o caminho e os meios que levam à experiência de Deus, à adesão a Jesus Cristo e ao comprometimento com um mundo sedento de Deus. O ser humano traz em si a sensibilidade para o Belo, o Lúdico e o Místico e isso é uma porta aberta em nossa época, que pode conduzir a Deus.
O Belo e o Lúdico estão intimamente ligados. Festas, ritos, músicas, jogos, encenações fazem sentir alegria de espírito. A própria liturgia é uma dimensão lúdica da fé, que expressa a alegria de ser amado por Deus, através da música, mantras, oração, gestos, símbolos.
A beleza nos conduz a Deus, que não se revela diretamente, mas através de mediações ou sinais. Uma flor, um riacho, o próprio ser humano, a arte, a poesia, a música, a literatura feitas por mãos humanas, tudo isso, atrai para o grande Artista que criou o Universo, ‘Deus’. A Beleza é o que atrai, desloca o coração, o toma e o transfigura. É possível ser educado para sentir ou ver o verdadeiramente Belo. O Belo passa pelo desenvolvimento da admiração. Admirar é a capacidade de maravilhar pelo que nos cerca. A admiração leva a sentir o Mistério que nos envolve.
Como levar para a catequese a experiência do Belo? O primeiro a se encantar deve ser o catequista. Encantar pela beleza da natureza, do ser humano com seus dons criativos e artísticos. Precisa sentir-se atraído para o silêncio e a contemplação, procurando o encontro com Deus, o grande Artista da Criação. Cada encontro catequético deveria ser lugar da experiência da beleza, de Deus mesmo. A beleza da Arte nos inspira emoção interior. Pinturas, esculturas, poesia e prosa, o cinema, a música, o teatro, a dança permitem comunicar uma experiência intuitiva. Na arte, a beleza aprende uma linguagem particular que desperta emoção, admiração e conversão.
A beleza da Bíblia! A Bíblia é um livro cheio de poesia e linguagem simbólica que pode inspirar a catequese. Os Salmos, os textos dos profetas, de Paulo e de João, podem ensinar a orar a partir da Palavra de Deus.
A beleza é o próprio Jesus! Jesus é a fonte de toda a beleza: “Quem me vê, vê o Pai”. A Beleza se manifesta no rosto do Filho do homem; na cruz, a revelação do infinito amor de Deus. A Beleza salvará o mundo. Cristo é a beleza que salvará o mundo. A Beleza que desafia o mal e vence a morte! É esta a beleza que a catequese deve comunicar.
O Lúdico liberta, pois é a expressão externa do prazer de viver, da harmonia e da alegria presentes na interioridade humana. Há uma variedade da nossa natureza lúdica: jogos, brincadeiras, festas, ritos, celebrações, canções, danças, poemas, teatro, cinema. No entanto, nem toda experiência lúdica liberta, ela pode ajudar ou atrapalhar, construir ou destruir. Bom e desejável é tudo aquilo que promove a dignidade. Fora disso deve ser evitado e combatido. A catequese cristã, precisa imbuir-se da experiência de Jesus e encontrar uma expressão lúdica, alegre para revelar o Projeto Salvífico Universal de Deus Pai. A dimensão lúdica na catequese deve ser uma preocupação constante. Cada catequista deveria se perguntar: O que posso fazer para que cada encontro seja vivenciado em clima de alegria e encantamento para com a pessoa de Jesus de Nazaré?
A Mística transforma. Por isso, o cuidado com a Mística é urgente. Quando se fala em Mística está se falando da motivação densa e profunda da vida, da caminhada cristã. É a experiência de ser amado por Deus. A Missão da catequese é promover o Encontro com Aquele que é a verdadeira Alegria da nossa vida, Deus mesmo. A mensagem cristã que a catequese anuncia é para ser vivida e não apenas aprendida teoricamente.
Como conciliar Mística e Catequese? Ainda somos herdeiros de uma catequese escolar. As experiências concretas de amizade, comunhão, partilha, ensinam muito mais sobre Deus, sobre vida em comunidade, do que a teoria ‘transmitida’ por muitos catequistas. O cuidado com a Mística passa pela acolhida, a partilha, a convivência, o cultivo da meditação, do silêncio, da contemplação. São experiências essenciais para a descoberta do amor de Deus e para o cultivo de si mesmo. A Mística quer acordar a Vocação, o Desejo, a Paixão pela missão de educar a fé, de transmitir e partilhar saber e experiência de vida na comunidade cristã. A Mística é o que vai dar sabor à vida da Catequese.