“O Reino de Deus não consiste em palavras, mas em atos.” (1Cor 4, 20)
Para a Igreja, outubro é o mês das missões e tem como objetivo conscientizar o batizado a levar Jesus a todos: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura.”(Mc 16, 15). Assim, a exemplo do Mestre, igualmente somos chamados para “anunciar a Boa Nova aos pobres, para sarar os contritos de coração, para anunciar aos cativos a redenção, aos cegos a restauração da vista, para restituir a liberdade dos oprimidos”(Lc 4, 18-19). É missão de todo batizado ser evangelizador. A vida é uma missão! Ser missionário não se resume meramente a falar e não agir, nem somente a fazer coisas: é algo que está dentro de seu coração e não tem como ser retirado. É saber olhar a dor do outro e não ficar inerte, pois a dor do outro é a sua dor. Jesus chorou a morte de Lázaro e o ressuscitou, compadeceu-se do sofrimento e expulsou sete demônios de Maria Madalena, oferecendo a ambos e a todos nós uma oportunidade de recomeçar. Precisamos sempre interagir com o mundo e com as pessoas que estão à nossa volta, para que tudo esteja de acordo com o que Jesus nos ensinou e pediu. A exemplo dele, necessitamos saber acolher e cuidar, para despertarmos uma consciência missionária, sempre respeitando cada ser humano e sua individualidade, pois ele é único!
Sabendo que “o Reino de Deus não consiste em palavras, mas em atos” (1Cor 4, 20), como fazer para que os ensinamentos de Cristo contidos das Sagradas Escrituras ganhem vida e se concretizem em obras? Temos que nos deixar ser guiados pelo Espírito Santo, para que o Reino de Deus aconteça, pois é através de nós, cristãos, que a Palavra de Deus é testemunhada, nos transforma e nos move para amar o próximo! Ela nos coloca em sintonia para ouvir o outro sem julgar ou condenar. A Palavra nos impulsiona à pratica da caridade e de todas as boas obras, que fazem com que vivenciemos aqui o reino de amor, justiça e paz. Mas, onde poderemos ser missionários? Em qualquer lugar onde estivermos, para que as realidades concretas das pessoas que moram e trabalham conosco, as da comunidade de fé e toda a sociedade sejam transformadas, a partir do nosso testemunho cristão. Missão requer generosidade e gratuidade: muitas serão as adversidades e as perseguições, e o missionário precisa estar preparado espiritualmente para os desafios, para lutar contra o mal que consome a energia das pessoas. É necessário adaptar-se à realidade que o cerca. Fisicamente, neste momento pandêmico, não é recomendado aglomerar-se em lugar algum, nem mesmo em encontros cristãos. Porém, temos diversas ferramentas tecnológicas e redes sociais, que nos permitem anunciar a Boa-Nova diretamente de nossas casas. Não podemos deixar que as tribulações impeçam o anúncio do Evangelho, nem que o medo seja impedimento para denunciarmos o mal!
Jesus era missionário, bom filho, obediente a José e Maria; porém, quando ficou no Templo de Jerusalém após a Festa da Páscoa e seus pais não notaram isso, ele estava seguro, na casa do Pai Eterno, enquanto os pais retornavam em caravana, para casa. Cristo não demonstrou desobediência aos pais biológicos por permanecer no Templo, apenas aproveitou a oportunidade para nos revelar que devemos louvar e amar a Deus sobre todas as coisas, e doar a vida pelo reino, ainda que nossos pais ou amigos não compreendam nossa entrega, especialmente quando há dedicação total da vida, a exemplo dos ministros ordenados e religiosos missionários consagrados. Além disso, Jesus era sábio, e a sabedoria é a arte de saber viver em harmonia, social e politicamente, quer em casa, no trabalho, na comunidade de fé ou na sociedade em geral, manifestando a religiosidade e professando a fé com muito respeito e equilíbrio. Jesus anunciava a Boa-Nova e denunciava a opressão, a injustiça e tudo o que colocava o povo em situação de desigualdade. Ele indicava o caminho a percorrer, para praticarmos a justiça e todas as obras que fazem o Reino de seu Pai acontecer. A exemplo do Mestre, precisamos de sabedoria, pois no próximo mês elegeremos uma pessoa para governar a cidade e outras para legislar. Peçamos ao Espírito Santo para iluminar nossos votos, a fim de que escolhamos pessoas publicamente idôneas, cujo testemunho de vida seja pautado em boas ações já praticadas ao longo da vida, para o bem de todos, especialmente dos menos favorecidos e oprimidos.