A posição da Igreja a respeito dos casais em segunda união está embasada sobre dois argumentos, um teológico e outro pastoral.
Conforme o argumento teológico, o casal em segunda união não pode receber a comunhão eucarística, porque a situação e as condições de vida dele estão totalmente contrárias ao estado de amor que há entre Cristo e sua Igreja, pelo fato de terem desfeito uma primeira união legítima, sinal do amor de Deus pelo seu povo e da Aliança de Amor de Cristo pela sua Esposa, a Igreja.
Conforme o argumento pastoral, o casal em segunda união não pode receber a comunhão eucarística, porque, se o fizesse, deixaria os outros fiéis confusos quanto ao ensinamento da Igreja sobre a indissolubilidade do matrimônio cristão válido, que não pode ser desfeito, a não ser com a morte de um dos esposos.
A reconciliação com Deus e os irmãos, na Igreja, através do Sacramento da Penitência, só se concede aos que, arrependidos da sua conduta, estiverem prontos para viver uma vida que não seja contrária ao fato de o matrimônio sacramental ser indissolúvel.
Em outras palavras, o homem e a mulher que, por razões graves (como a educação dos filhos), não podem separar-se, só poderão receber os sacramentos se eles se comprometerem a viver uma vida em comum de abstinência de qualquer ato conjugal entre si.
Nesse caso, são também obrigados a tornarem pública sua decisão de abstinência conjugal total, para evitar o escândalo entre familiares, amigos e conhecidos. Caso houver alguma queda ocasional, poderão alcançar o perdão sacramental e prosseguir em seu propósito original.
Apesar de tal solução parecer utópica, com a graça de Deus, que jamais nega seu auxílio a quem lhe pede, pode tornar-se realidade e, assim, abrir o caminho para os sacramentos.
A verdade é que a Igreja sempre acolhe e mantém em seu coração maternal essas pessoas feridas. Ela não somente quer ficar perto delas, mas quer realmente ser sinal e instrumento de sua aproximação à graça de Deus.