O objetivo geral a ser perseguido é acessível e fácil de ser compreendido. A CF-2022 pretende “promover diálogos a partir da realidade educativa do Brasil, à luz da fé cristã, propondo caminhos em favor do humanismo integral”. Cada pessoa de boa vontade e com boa vontade consegue tomar parte, em alguma medida, na construção do objetivo proposto, afinal, o ponto de partida é o diálogo!
O texto-base começa fazendo uma belíssima reflexão sobre a escuta. Aponta para a importância de uma pedagogia da escuta e alerta: “Escutar é mais que ouvir… A escuta permite encontrar o gesto e a palavra oportuna que nos desinstala da sempre e mais tranquila condição de expectador” (nº 26). Motivada pelos direcionamentos do Papa Francisco que insiste na beleza da escuta, a CNBB abre os ouvidos para escutar os conteúdos e narrativas de nosso tempo, incluindo aí “as alegrias e esperanças, as tristezas e as angústias” (Gaudiun et Spes) que tocam o universo da educação formal e informal.
O recorte metodológico feito para análise – ou para a escuta da realidade – é a pandemia de Covid-19, isto é, o texto-base considera a pandemia como elemento histórico de referência para pensar os fragilidades e possibilidades da educação, especialmente por ser uma crise com potencial para revelar “o que já existia na sociedade de maneira explícita ou de forma latente” (nº 35), permitindo, “por um lado, verificarmos imensos avanços tecnológicos, por outro, percebermos a ampliação da pobreza e da desigualdade social com o surgimento de muitas e novas formas de miséria e exclusão” (nº 35).
De acordo com o texto, os aprendizados da pandemia não acontecerão de forma automática, não cairão do céu, ao contrário, exigirão esforços individuais e coletivos; em outras palavras, somos admoestados a implementar esforços para desenvolver uma educação capaz de reverter a tendência de esvaziamento do coletivo, especialmente estimulando a elaboração de projetos de vida capazes de criar conexão entre os anseios individuais e coletivos. A educação, formal e informal, deve fugir da falsa tentação de solução exclusivamente individualista dos problemas humanos.
Para enfrentar os desafios criados ou realçados pela Covid-19 a Campanha da Fraternidade nos apresenta algumas dicas que podem ser aprofundas na leitura do texto e na exploração dos diversos subsídios ofertados para os trabalhos comunitários, mas podemos destacar algumas, tais como:
- Estimular a cultura do encontro como estratégia para repensar a educação e superar os preconceitos, bem como contribuir com a construção de uma nova realidade.
- Abrir-se para escutar os diversos sujeitos do processo educacional, inclusive os alunos, ainda que crianças, adolescentes e jovens. Uma educação que acontece no diálogo e que educa para o diálogo.
- Resgatar, aprofundar e fazer ecoar a perspectiva humanista da educação de tal modo que a educação não eduque apenas para a técnica, mas para o desenvolvimento integral do ser humano.
- Valorizar a instituição escolar e os profissionais da educação, em especial os professores e professoras; mesmo que o projeto educacional brasileiro seja inconcluso, são indispensáveis para a construção de uma educação humanitária, focada na integralidade do ser humano e na solidariedade universal.
- Recolocar a família como protagonista da educação, como instituição que exerce o direito/dever de educar e de participar dos debates sobre os modelos educacionais da educação formal e informal.
Debater e aplicar os princípios do Pacto Educativo Global proposto pelo Papa Francisco a fim de criarmos uma educação libertadora.
As sementes estão lançadas. Algumas cairão em terra boa e produzirão frutos de conversão e transformação individual e social. O coração de cada um de nós é a terra. No coração e na vida as sementes da Campanha poderão produzir frutos ou poderão ser sufocadas e morrer. A qualidade da terra depende diretamente da escolha que fazemos. Acolher, ouvir, meditar, participar, propor com caridade alguma melhora, rezar pelo bom êxito da Campanha são formas eficazes de oferecer uma terra boa para o crescimento da semente. Este é o convite: pratique fraternidade e educação!